terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Enólogo, o Enófilo, o Sommelier e o Enochato

Enólogo

O Enólogo é um profissional formado em Agronomia, com especialização em Enologia, ou formado em uma faculdade de Enologia.

No Brasil só existe uma Universidade que oferece este curso, está em Bento Gonçalves na Serra Gaúcha.

As profissões de enólogo e de técnico em enologia foram regulamentadas no Brasil em 2007, pela Lei nº 11.476, de 29 de maio.

O Enólogo trabalha na vinícola e é responsável por todas as decisões de produção do vinho: análise do solo, métodos de irrigação, escolha das mudas, da melhor técnica para plantar, para podar, para colher (nesta fase de cuidado com as plantas ele pode ter o auxílio de um agrônomo).

Após a colheita o enólogo define as técnicas de vinificação, os cortes (mistura de uvas), o tempo de amadurecimento e a hora de colocar o vinho no mercado.

O Enólogo precisa tomar decisões importantes durante todo o processo de produção e estas decisões são fundamentais para o resultado final, o vinho.


Enófilo
Enófilos somos todos nós que gostamos de vinhos, que fazemos anotações sobre os vinhos que tomamos, que freqüentamos confrarias ou encontros de vinhos, enófilos com diferentes níveis de conhecimento sobre vinhos.

Nós somos enófilos e você também é, embora nem soubesse disso.




Um comentário muito inteligente diz que:



"Enólogo é o cara que diante do vinho toma decisões, e Enófilo é aquele que, diante das decisões toma vinho" (de Luiz Groff).




Sommelier

Já que estamos falando dos personagens do vinho, precisamos ainda apresentar o Sommelier.

Ele é o soldado do vinho. Não raramente é um garçom talentoso para o assunto que estudou e se especializou.

O Sommelier é o profissional responsável por tudo relacionado ao vinho no restaurante ou loja (a escolha dos vinhos, a elaboração da Carta de Vinhos, a compra e reposição, o armazenamento e o serviço do vinho), bem como das outras bebidas (em alguns restaurantes mais diferenciados ele também é o responsável pelos charutos).

No Brasil até agora não existe uma regulamentação da profissão de sommelier. O projeto está parado no Congresso Nacional.

Por este motivo também não há uma escola responsável oficialmente pela formação desses profissionais, nem um currículo aprovado pelo MEC, nem um diploma reconhecido.

Diversas entidades ministram cursos profissionalizantes, como as ABS, as SBAV, os SENAC e várias escolas particulares.

Aqui cabe uma observação: a medicina já provou que as mulheres têm o aparelho olfativo melhor do que o dos homens. Sendo assim, com o "equipamento" garantido, cabe às mulheres se dedicar ao estudo dos vinhos e assim ocupar cada vez mais lugar no interessantíssimo mundo do vinho, seja como Enólogas, Sommeliers ou simplesmente Enófilas.


O Enochato

Enochato é aquela espécie da qual todos nós conhecemos um exemplar (ou vários).

O enochato chega às festas ou ao restaurante, pega uma taça, certifica-se de que tem bastante gente olhando, faz cara de entendido, gira o copo no sentido horário e com inclinação de 26,487º em relação a Greenwich, funga dentro da taça, revira os olhos, fala um monte de coisas complicadas e depois olha para as outras pessoas presentes com ar superior, como se elas fossem a ralé da humanidade por não entender de vinhos tanto quanto ele.

É justamente por causa dos enochatos que o vinho tem essa fama de coisa complicada, inacessível, sofisticada, exclusiva de gente rica, metida e chata.

Propomos aqui uma campanha internacional de extermínio dos enochatos e para isso não é preciso usar violência, basta que ninguém mais preste atenção às macaquices deles frente a uma taça de vinho. Sem platéia, o enochato murcha, perde a pose e sai de fininho.

É preciso acabar com essa impressão elitista que as pessoas têm do vinho.

No século 17, a Igreja Católica dava pão e vinho às famílias pobres! Vinho era considerado item de primeira necessidade, fazia parte da cesta básica!

Todo mundo deveria ter a oportunidade de aprender a tomar vinhos, sem achar que o vinho e sua cultura representam chatice ou um bicho papão, cheio de mistérios e dificuldades.

Bons Vinhos !

domingo, 16 de janeiro de 2011

As mulheres na história do Blues

      "O Blues possui uma aura maravilhosa. Ela parece vermelha, um vermelho que se identifica bem com o tipo humano, varia de lágrimas à pulsação rápida de prazer.
      O Blues tem essa capacidade de fazer o sangue correr mais rápido, principalmente depois da guitarra.
      É uma levada que descobre desejos trágicos, arrastados ou derramados.
      É sentimento puro." 
    
Bem... vamos às mulheres no Blues....

Anos 20




Existe uma entre as vozes que soa mais melancólica. Ela vem dolorida e corrompe qualquer estado de excitação causada por uma voz rasgada e sorridente. Um dos nomes e também uma das canções: CHIPPIE HILL. Ela começou a cantar aos 14 anos e como grande parte das cantoras teve seu início cantando, dançando e interpretando nas apresentações de Vaudeville. Ela gravou em 1926 “Trouble in mind” que depois seria sempre regravada, adotando várias personalidades e soando de formas diferentes. Entre essas personalidades estão NINA SIMONE, JANIS JOPLIN, JOHNNY CASH e JERRY LEE LEWIS. Mas esses são alguns, apenas os que eu ouvi. 



É uma voz tão feminina saindo com tanta dor. Tão feminina. Tem uma teoria de um famoso e polêmico homem que diz que o blues veio com as mulheres. Ao contrário dos “blind”, cegos e portando inválidos que não podiam fazer nada além, ou dos trabalhadores nas lavouras de algodão. Eram as mulheres que ficavam com a parte delicada. Isso Elijah Wald escreve em seu livro Escaping the Delta: Robert Johnson and the Invention of the Blues, Amistad, 2005, que ainda não tem tradução para o português. Tampouco nós buscaremos a tradução do mito, então prosseguiremos naquilo que compreendemos.



O fato é que BERTHA CHIPPIE HILL não foi a primeira moça a gravar um blues. Esse mérito entregaremos a MAMIE SMITH. No ano de 1920, no dia 10 de agosto, em Nova York, foi gravado “Crazy Blues” na voz da moça que assim como a primeira citada dançava e atuava, além de tocar piano. He makes me feel so blue, I don’t know what to do… Now I got the crazy blues, assim canta um voz forte e expressiva enquanto a agulha…arranhava.



Essa gravação foi feita pela Okeh, que devido o sucesso fez até uma sessão que viria a perdurar, as “races records”, ou seja: voz de negros para ouvidos negros.



No ano de 1949, por sugestão do jornalista Jerry Wexler viria a ser chamada de Rhythm and Blues records, já que gradualmente brancos começaram a fazer esse tipo de música.



CHIPPIE HILL trabalhava com uma outra mulher, uma tal MA RAINY. O tipo que seria chamada “que lata!”, ela era fogo. MA RAINY teve muitas importâncias. Ela também cantava e dançava em peças de Vaudeville, e tinha um perfil devasso. Começou também aos 14 anos. Dava grandes festas e ia presa por haver mulheres nuas e semi-nuas em seus aposentos, fazia barulho, em todos os sentidos. Em uma das músicas ela falava tranquilamente sobre lesbianismo, afinal, o que tem de mais em ser bissexual na década de 20? Ela tinha marido, filhos e gostava de meninos e meninas. A música é “Prove it on me” (They must’ve been women, ‘cause I don’t like no men), gravada em 1928. A voz de MA RAINY é bem voz de mãe do Blues, uma voz de quem acordou de manhã e não lembrou de ontem, uma voz opaca e intensa.



Assim forte existia mais uma mocinha, CLARA SMITH. Os comentários é que ela conseguia ser sensual e conquistar tanto homens quanto mulheres enquanto cantava. Era daquelas moças que sabiam o que estavam fazendo e dominavam todo um público. Fator que combina perfeitamente com sua voz dizendo “He’s mine, all mine”, dá até para ver a lascívia, experimentem escutar. Ela gravou músicas também com uma outra jovem, BESSIE SMITH, mais conhecida como a Imperatriz do Blues. As duas eram um tanto rivais.



BESSIE SMITH talvez seja o nome feminino do Blues mais conhecido. Ainda dentro daquele circuito de teatro, Bessie entrou como dançarina, pois MA RAINY já cantava. BESSIE também era bissexual, coisa que incomodava muitos ao seu redor e a expunha a mais um entre os preconceitos que a acompanhariam até a morte, sucedida por não haver atendimento médico a negros no hospital onde tentou socorro. Ao lado de sua “mãe” MA RAINY, BESSIE desenvolveu o seu potencial de cantar e apresentar-se. O mercado estava a seu favor e isso a tornaria a artista a ser melhor paga em sua época.



A música que primeiro estourou na voz de equilibrados arranhões e perfeita carga emocional de BESSIE foi “Downhearted Blues”, em 1923, escrita por Alberta Hunter, a sua compositora. Uma outra canção que mais remete a Bessie é “Nobody knows you when you down and out”, uma grande verdade escrita por JIMMY COX, regravada por ERIC CLAPTON, JANIS JOPLIN, NINA SIMONE e B.B. KING, entre outros brilhantes nomes, como ALBERTA HUNTER.



A compositora mais “bonitinha”, diga-se de passagem, é ALBERTA HUNTER. Sem ser menos intensa por isso, HUNTER escrevia e cantava músicas. Com seu sorriso de enrugar o nariz, cantava de um modo irreverente, e talvez por isso fosse impressionante quando parecia realmente chorar em um blues triste.



Existiu aí nessa brilhante década de 20, SIPPIE WALLACE. A encantadora e doce SIPPIE. Ela gravou em 1923 “Shorty George” e depois cantou novamente com JOHN MAYALL & THE BLUESBREAKERS em 1982. Ela deu uma paradinha depois do sucesso na década mãe, e retornou em 1966 para cantar ao lado de VICTORIA SPIVEY.



VICTORIA SPIVEY começou a carreira aos 19 anos e, assim como muitas outras, cantava em cassinos e cabarés, teve seu período de atuação e dança até tocar piano. Nos primeiros anos da década de 20 ela gravou com BLIND LEMON JEFFERSON e com IDA COX, mais tarde, compôs títulos indeléveis da história do blues, tais como “TB Blues”, de 1927, onde mostra, assim como em outras interpretações, uma voz aguda e solta, que parecia ser trilha sonora adiantada dos anos 50.



Depois dos anos 20

Se a década de 20 pertenceu aos grandes nomes do blues, os anos trinta afundaram-se em swing. Big Bands como as de GLENN MILLER (papanananananananaapáa) estouram e tomam conta da década. BIG BILL BROONZY e SONNY BOY aparecem no final dos anos trinta e início dos quarenta. É nesse início de década que T-BONE WALKER coloca a guitarra elétrica para gritar. Nos anos cinquenta o blues de MUDDY WATERS faz o ritmo extrapolar as barreiras territoriais.



Depois da guitarra





As cantoras de blues continuaram a gravar até essa época, mas com menos intensidade. O Jazz recebia mais atenções. Nesses anos BIG MAMA (Willie Mae) THORNTON grava “Hound dog” (1952) e “Ball and Chain”. A moça grande começou a cantar aos catorze na igreja batista, saiu de casa depois da morte da mãe e foi adotada musicalmente por MUDDY WATERS. Tocou entre os maiores nomes, principalmente nos anos 50 e 60, época digamos que de ouro do blues elétrico. Ela tinha um jeito muito peculiar, tocava gaita de boca com perfeito domínio, além de tocar bateria, era de um estilo único.BIG MAMA teve fases de alcoolismo e acabou morrendo por complicações no fígado.



E, então, surge um nome doce como chocolate: KOKO TAYLOR, que recebeu o primeiro nome justamente por gostar tanto de chocolate (que vem do cacau) e que se inspirava em VICTORIA SPIVEY. Koko gravou “Wang Dang Doodle” em 1968, escrita por WILLIE DIXON. KOKO é totalmente apaixonate, tem uma voz negra, canta com arranques e torna maravilhosas canções como “I’m a Woman”, maravilhosamente clássica: I’m a woman, I’m a ball of fire. Não a toa é chamada “rainha do blues”, procurem o álbum “The Eartshaker” e comprovem.



KOKO TAYLOR morreu em 3 de junho de 2009 . Existe uma menina ruiva que canta músicas que antes estavam em sua voz, como “Queen Bee” (variação da música “King Bee”), SUE FOLEY. Sue é branca e tem uma voz assim, se aproxima, talvez, de VICTORIA SPIVEY. Sue toca guitarra e blues desde 1984 e teve sua primeira gravação em 1992.



King Bee foi gravada também por músicos do filho do blues, o Rock and Roll (que segundo RAUL SEIXAS morreu com ELVIS PRESLEY) , por nomes como ROLLING STONES.



LED ZEPPELIN também gravou um blues antigo. Claro, gravou muitos, mas entre eles um bastante importante, composto por uma moça que quase não se ouve falar e tampouco encontra-se informação: MEMPHIS MINNIE. É o tipo de mulher que dá orgulho. Ela foi a primeira em sua época, ou seja, nos anos 20, a cantar e tocar violão, além de fazer as suas composições. Depois, quando T-BONE WALKER trouxe os ruídos elétricos, foi uma das primeiras mulheres a tocar. É por isso que ela está na capa dessa reportagem. LED ZEPPELIN gravou When the levee breaks, e isso é só uma parte. Na lápide dela está escrito:




                                        "Listening to Minnie's songs we hear her fantasies, her dreams, her desires, but we will hear them as if they were our own"



Escutando as músicas de Minnie nós escutamos suas fantasias, seus sonhos, seus desejos, mas escutamos isso como se fossem nossos.



Ela conseguiu traduzir em suas musicas o que é o Blues... ou pelo menos.. o que pensou ser o Blues...

Há inúmeras Damas do Blues.. não tenho a intenção nem a pretenção de impor regras e conceitos....determinar quem é melhor ou pior.. o Blues é sentimento.. cada um sabe o que lhe agrada.. o que lhe toca...


I Have the Blues Every Day.


sábado, 15 de janeiro de 2011

As mulheres e o vinho: arte de viver bem

O mundo feminino e as surpresas em relação ao vinho, considerado fundamental para a boa convivência entre amigos

Uma pesquisa realizada em cinco países com mulheres chegou a uma conclusão feliz: o vinho é um componente importante na arte de viver bem. Por séculos considerado um elemento de civilização, é a bebida nobre por excelência, resultado de um “savoir-faire” especial do ser humano em comunhão com a natureza.



Mais de 4 mil consumidoras da França, Alemanha, Inglaterra, Japão e Estados Unidos foram convidadas a responder à pesquisa e o resultado foi este: o vinho é uma arte de vida para 53,7%, um produto cultural para 42% e uma tradição para 40% delas.



E quando bebem vinho? Para 68,6%, “nos momentos privilegiados e conviviais entre amigos”, e para 71,2%, preferencialmente à mesa, durante os almoços ou jantares. E essa bebida não é moda para as mulheres consultadas, mas sim um prazer permanente, com 79,3% delas respondendo, simplesmente, que amam o gosto do vinho. De preferência tinto, com dois terços das entrevistadas indicando essa escolha.



Outro dado importante é que o vinho não é visto como uma bebida capaz de trazer riscos à saúde, com 85% respondendo que é “compatível com um regime alimentar equilibrado”.



E 44,3% delas, no total, escolhem sozinhas os seus vinhos, sem conselhos ou ajuda de conhecedores. Mas há uma grande diferença cultural nesse quesito: enquanto 61,3% das inglesas se declaram independentes na hora de comprar uma garrafa, apenas 7,3% das japonesas se mostram capazes de fazer isso.



E qual o principal critério de escolha na hora da compra? O país de origem e as variedades de uva contam, mas ganha uma taça de champanhe quem acertar o que vem à cabeça das mulheres em primeiro lugar, diante da prateleira: o preço. Naturalmente.

(Fonte: Viti-net)

A melhor harmonização do vinho é em boa companhia, com muita alegria e prazer.


Bons vinhos.