
Embora o vinho já fosse apreciado há cerca de 5.000 a.C., a história do copo para vinhos é muito recente, tem pouco mais de quatro décadas. Alguns fabricantes de copos, apreciadores da bebida, resolveram ir em busca da forma apropriada à degustação de cada vinho e suas características específicas. O aroma mais forte ou mais suave, a textura encorpada, a cor, cada detalhe não poderia ser negligenciado no momento da degustação e o copo de vinho, enquanto meio, deveria ressaltá-los.
Deixam-se de lado as formas ornamentais, o emprego das cores, os bisotados, o espaço exíguo do bojo e as bordas inadequadas – qualquer excesso que distorça a visão, o olfato, o paladar do vinho.
Agora, o conteúdo determina a forma também dos copos.
Vinho Branco
A forma tulipa nos remete aos aromas florais e cítricos, típicos dos vinhos nela servidos. Menor o espaço, melhor a conservação da baixa temperatura, fundamental para esses vinhos.
Para os vinhos Rheingau, Grüner Veltliner, Mosee-Saar-Ruwer, Orvieto, Pinot (Blanc, Grigio, Gris), Riesling (Ka-binett), Roter Veltliner, Scheurebe, Sylvaner, Vernaccia, Welschriesling.
Vinhos firmes, fortes, mas de postura elegante, vivaz e vibrante precisam de espaço para os aromas e de borda aberta para abranger toda a boca. Para os vinhos Alsace, Aligoté, Chasselas, Chenin Blanc, Fendant, Furmit (Dry), Gutedel, Kerner, Melon de Bourgogne (Muscadet), Müller-Thurgau, Muskateller, Muskat-Ottonel, Neuburger, Re cioto Di Soave, Ribolla Gialla, Ruländer, Soave, Tokay, Trebbiano, Vin de Savoie (White).
A forma ovalada e a espessura de casca de ovo destacam a textura densa com lágrimas que escorrem suavemente, enaltecendo o aspecto visual. Os aromas explodem sem se perder. Na boca, reforça o frescor que contrabalança a licorosidade do vinho. Para os vinhos Sauternes, Ausbruch, Auslese, Barsac, Beerenauslese, Dessertwine, Jurançon Moelleux, Ice Wine, Loupiac, Monbazillac, Picolit, Quarts de Chaume, Tokaji, Trockenbeerenauslese.
Vinhos opulentos, densos, algumas vezes doces ou meio doces, beneficiam-se de espaços maiores para aeração e explosão de aromas ocultos. Para os vinhos Riesling Grand Cru, Alsace Grand Cru, Ewürztraminer, Grüner Veltliner, Jurançon Sec, Riesling (Late Harvest), Riesling Smaragd, Vouvray.
As borbulhas não podem se dispersar, por isso a postura retilínea, longa que destaca a cachoeira de pérolas às avessas. Por ser fechado, permite sentir melhor o frescor incisivo e a agulha delicada dos espumantes. Para os vinhos Champagne, Cuvée Prestige, Rosé Champagne, Vintage Champagne, Vintage Sparkling Wine.
Vinhos encorpados e complexos ao extremo. Brancos de alma tinta, amplos e plenos. Assim são esses vinhos, assim devem ser os copos. Para os vinhos Montrachet (Chardonnay), Burgundy (White), Chardonnay, Corton-Chalemagne, Meursault, New World Chardonnay. Pouilly-Fuissé, St. Aubin.
Vinho Tinto
Frutas maduríssimas ou passas e certo aroma vegetal. O copo um pouco mais fino não deixa que os aromas se dipersem, além de colaborar com a temperatura, que não deve passar de 18°C. Para os vinhos Zinfandel, Ajaccio, Bardolino, Beaujolais Nouveau, Carignan, Chianti, Côtes du Roussillon, Côtes du Ventoux, Dolcetto, Freisa, Grignolino, Lambrusco, Montepulciano, Patrimonio, Primitivo, Sangiovese, Teroldego, Vin de Corse.
Espaço amplo para revelar os inúmeros aromas de vinhos mais evoluídos. A distância considerável entre o fundo do copo e a boca solta os sabores mais discretos. Para os vinhos Tinto Re serva, Crianza, Gran Re serva, Ribera del Duero, Rioja, Tempranillo.
Couro, especiarias, iodo, frutas e alcatrão no conjunto aromático. Pleno na boca. Esses são os vinhos que caem no copo como uma luva, ressaltando o aveludado do vinho e guardando sua complexidade. Para os vinhos Hermitage, Amarone, Barbera, Blaufränkisch, Châteauneuf-Du-Pape, Cornas, Côte Rôtie, Crozes Hermitage, Grenache, Malbec, Mourvèdre, Petite Sirah, Priorato, Saint Joseph, Shiraz, Sirah.
Bojo balão, com dimensão avantajada, permite aeração e faz explodir os aromas complexos – mas delicados de flores, frutas e especiarias presentes nesses vinhos. A borda aberta suaviza os vinhos nervosos, fazendo-os tocar alguns pontos da boca, essenciais para apreciar as sensações macias. Para os vinhos Burgundy Grand Cru, Barbaresco, Barolo, Beaujolais Grand Cru, Blauburgunder, Burgundy ( Re d), Clos de Vougeot, Dornfelder, Echézeaux, Gamay, Musigny, Nebbiolo, Nuits Saint Georges, Pinot Noir, Pommard, Romanée Saint Vivant, Santenay, Volnay, Vosne-Romanée.
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O uso de copos e taças específicas para diferentes bebidas tem relação com a concentração ou dispersão de aromas que se pretende obter, com a região da boca a ser primeiramente marcada pela bebida e ao isolamento térmico, protegendo as mãos do degustador no caso de líquidos quentes ou evitando que a bebida se aqueça em contato com suas mãos.
A escolha de uma taça de bojo largo e bordas de circunferência mais estreita, que se afunila na direção das narinas, pode auxiliar na concentração dos aromas, enquanto um modelo de boca mais aberta permite que eles se dissipem e sejam atenuados no momento em que aproximamos o líquido dos lábios. Da mesma forma, taças e copos longos, estreitos e cilíndricos tendem a jogar a bebida no fundo da língua, marcando primeiramente seu registro mais amargo, enquanto taças de boca mais ampla tendem a fazer com que a língua seja sensibilizada primeiramente nas regiões que registram os aspectos ácidos e adocicados da bebida.
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