terça-feira, 20 de julho de 2010

Vinhos de Supermercado



Na última visita que Alvaro nos fez, degustamos alguns vinhos prá variar, e em longa convesa discutimos os vinhos comprados em supermercado.

Meu amigo Alvaro já subiu bons degraus em seu conhecimento, permitindo-se a desfrutar do aprendizado adquirido.

Seu paladar está refinado.Vinhos mais simples não mais lhe atraem. Mas nem sempre foi assim, certo meu amigo. rsrs.

Sugerir vinhos caros é fácil e, em certo sentido, inútil. Quem compra rótulos de primeira linha, afinal, não precisa de muito conselho ou tem quem o faça pessoalmente, até porque em lojas especializadas o atendimento é de muita qualidade, com profissionais bem treinados e preparados, o que facilita a compra.

Difícil é descobrir as boas garrafas, ou as ofertas, entre os rótulos mais acessíveis que inundam as prateleiras dos supermercados, fugir das dicas das atendentes, que normalmente tem a missão de vender determinados rótulos, com discursos bem decoradinhos e só, rs.

Fugindo destas armadilhas, acredite, há muitas oportunidades à disposição.


Mas até mesmo uma seleção de boas garrafas que não pesam no bolso precisa ser fruto de uma experiência pessoal para não se tornar numa simples listagem de “best buys”. Aqui vai a minha lista que, como qualquer lista, está sujeita a críticas e correções. O critério foi o de tintos, brancos e espumantes até 35 reais. Nota-se claramente pela lista minha preferêcia pelos tintos. É claro que não se tratam de vinhos hedonistas, que primam pela profusão de aromas, pela intensidade marcante ou final prolongado. Mas podem, sim, tornar o seu dia-a-dia mais feliz. Você não passa vergonha e ainda dá prá fazer um "pavãozinho" rs.



TINTOS





Salton Classic Tannat

Rio Grande do Sul, Brasil - R$ 15,00

Da linha mais simples da Salton. Correto, bem vinificado. Seu preço é imbatível, seus taninos melhoram se acompanhados de um churrasquinho informal com amigos. experimente o merlot também.



Pupilla Carmenère

Vale Colchagua, Chile – R$ 16,00

A emblemática uva-símbolo do Chile, seja lá o que isso queira dizer, num dos tintos de melhor custo-benefício da paróquia, produto da bodega Luis Felipe Edwards. Taninos bem resolvidos, frutas vermelhas e uma especiaria de leve. Resolve a vida e se encontra fácil em supermercados. Tem a linha reserva, com um toque de madeira.



Rio Sol Cabernet Sauvignon/Syrah 2006

Vale do São Francisco, Pernambuco, Brasil - R$ 25,00

Este tinto nacional foi escolhido pelo júri da última Expovinis (feira de vinho realizada anualmente em São Paulo), em uma degustação às cegas, como o melhor tinto nacional. Concorreu com outros 39 rótulos, a maioria de preço mais elevado. Só pela conquista já vale a degustação.



Cono Sur Bicicleta Pinot Noir
Vale Central, Chile – R$ 26,00

Vinícola com preocupações ambientais e certificada pela agricultura orgânica(cabeçuda). Difícil recomendar um pinot noir do dia-a-dia(minha busca incansável),mas a correta linha bicicleta tem varietais que primam pela qualidade. Agradável, corpo médio (como se espera de um pinot) aromas leve de cereja. Outra dica da mesma linha é o branco da uva riesling.



Emiliana, Cabernet Sauvignon

Valle Rapel, Chile –  R$ 24,00

Esta vinícola também alia vinhedos orgânicos com rótulos de grande produção. Tinto com um nariz mais presente que a boca, que é mais ralinha, mas agradável. Um cabernet sauvignon mais para o lado da juventude, da fruta fresca. Se ajeitou bem com uma massa com molho de carne. Tente o Syrah, bem honesto.



Periquita
Terras do Sado, Portugal – R$ 28,00

O tinto português mais vendido no país. Desde a safra de 2001 modernizou seu corte e ficou mais macio e fácil de beber. Resultado da adição de uma porcentagem maior das castas aragonês e trincadeira à tradicional uva castelão (a periquita), que dá a grande personalidade deste vinho.



Casillero del Diablo - Cabernet Sauvignon

Vale Central - Chile R$ 32,00
A Concha e Toro, uma das gigantes chilenas, ao lançar a linha Casillero, apostou no vinho correto, de corpo médio, amadeirado, levemente frutado, tem larga aceitação e você o encontra desde a quitanda até o supermercado. Um vinho agradável para quem não quer errar. Funciona muito bem com carnes grelhadas.



Gracia - Cabernet Sauvignon - Pasajero

Vale Central - Chile - R$ 18,00
Este vinho foi uma surpresa agradável. Segue os mesmos princípios do Casillero, corpo médio, levemente frutado, com um toque de madeira, porém um pouco mais simples. A linha de entrada da vinicula é completa, tem desde o Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Carmenére e Pinot Noir nos tintos aos brancos Sauvignon Blanc e Chadornay. São vinhos simples, mas muito interessantes com uma ótima relação preço qualidade.


Finca Flichman - Malbec

Mendonza - Argentina - R$ 20,00

Frutado e bem feito malbec argentino, não tão marcante como normalmente é um malbec, porém sua suavidade o faz um vinho para o dia a dia e especialmente para aquele churrasquinho no fim de semana com os amigos, não compromete.



Le Bateaux Syrah
Languedoc, França – R$ 35,00

Rarissímo tinto francês na linha bom e barato. Best buy da revista americana Wine Spectator. Não é à toa, tem aquela perceptível especiaria da syrah com frutas bem maduras e a chancela da Domaines François Lurton, o difícil esta encontrá-lo atualmente.




BRANCOS





Casillero del Diablo Sauvignon Blanc
Vale Central, Chile – R$ 32,00
Tem larga distribuição em supermercados e lojas. Boa acidez e frescor. Um toque cítrico que agrada; um aroma de maracujá facilmente perceptível, muito encontrado em sauvignon blanc. Uma recomendação sem medo de errar. Faz um sucesso danado com um peixinho.



Pizzato Chardonnay

Rio Grande do Sul, Brasil – R$ 27,00

Este não é um chardonnay para quem gosta daquele estilo mais intenso com as notas de barrica, meio amanteigado. Este exemplar nacional aposta na linha contrária, não passa pelo carvalho e tem uma acidez mais presente. Uma opção de chardonnay mais para o frescor. Vamos valorizar o que é nosso!!!!! rsrs




Alamos Chardonnay
Mendoza, Argentina – R$ 32,00

Branco premiado mais básico da linha Catena. Passa seis meses no barril de carvalho o que nos remete à aquela sensação cremosa de um chardonnay mais encorpadão, mais recomendado para peixes mais fortes e aves. Bastante elogiado pelos bacanas do vinho de todas as estirpes: a lista começa em Robert Parker(o "Cara"), passa pela rival britânica Jancis Robinson e ainda pela revista americana Wine Spectator. Quer mais?????



ESPUMANTES





Salton - brut/demi-sec

Rio Grande do Sul - R$ 20,00

A melhor opção custo-benefício do mercado. Jovem, intenso, sua perlage é  dinâmica, com um desprendimento de pequenas borbulhas de gás em forma de rosário, abundante formação de espuma (coroa). Na boca apresenta um sabor fresco e agradável, seu aroma é fino e limpo e lembra pão tostado. Delicioso em um final de tarde de primavera, com frutas (morangos, uvas, pessegos). Funciona bem com queijos semiduros, no lugar da cervejinha à beira da piscina., a toda hora..rs.rs


A lista acima é apenas uma referência de vinhos que podem ser facilmente encontrados e não vão levá-lo à falência.

Mas lembre-se, quem determina se o vinho lhe é agradável , não são as recomendações dos "bacanas" dos vinhos, mas seu paladar, é ele que vai decidir se o vinho é de seu agrado ou não. Siga as dicas dos experts, busque conhecimento, troque experiências , experimente e

Bons vinhos !

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Top 10 - Guitarristas

Na minha opinião, os 10 maiores do Blues.(dez é muito pouco, mas...)
A ordem..... sei lá.... veio na cabeça. (gosto pessoal).


1- Eric Clapton (pelo que vem tocando nos ultimos anos)


2 - Buddy Guy (vale sim... sempre tocou muiiitttoo).


3 - Steve Ray Vaughan (sou fâ)


4 - BB King (sem comentários, é um dos "caras" do Blues)

5 - Jimmy Hendrix (inovador, criativo, revolucionário)

6 - Jeff Beck (fama e toca bem)

7 - Muddy Waters (das antigas, tem tradição)

8 - Albert Collins (tá em toda lista, essa é mais uma)

9 - Robert Johnson (pelo que representa na história do Blues)

10 - Albert King (histórico, também pela tradição)

Outro dia escrevo do pessoal mais novo.

Bons sons !

Boa música !

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Rolha

Ela, a Rolha....


Pode ser feita de cortiça, alumínio, plástico ou vidro, são estas as matérias-primas utilizadas na fabricação de vedantes(gostei) para garrafas de vinho (as famosas rolhas). Mas nem sempre foi assim. Até há bem pouco tempo a rolha de cortiça era o único vedante (rolha) utilizado. O exponencial aumento dos engarrafados a partir da segunda metade do século passado e, fundamentalmente, o aumento de problemas com o “gosto a rolha” atribuído à rolha de cortiça, desencadeou uma revolução no mercado de vedantes (gostei do termo vedante, muito utilizado pelos nossos irmãos luzitanos)) para vinho. Apesar de tudo o que foi feito ou refeito, a rolha perfeita continua a não existir, e com a utilização de novas tecnologias, o que não falta são soluções "milagrosas".




A nobre cortiça




A cortiça é a casca do sobreiro (Quercus Suber L), uma árvore nobre com características muito especiais e que cresce nas regiões mediterrânicas como Espanha, Itália, França, Marrocos, Argélia e, sobretudo, Portugal, onde existem mais de 720 mil hectares de montado de sobro, bem como uma indústria corticeira de grande importância económica.
É uma árvore espantosa, de grande longevidade e com uma enorme capacidade de regeneração. Consegue viver em média 150 a 200 anos, apesar dos muitos descortiçamentos que lhe fazem ao longo da sua existência: cerca de 16 intercalados por períodos de nove anos.
A cortiça consiste num tecido vegetal com centenas de milhões de células suberizadas (formar a cortiça no sobreiro - árvore que produz a cortiça), inertes e impermeáveis. Estas células, cheias com gás, formam uma estrutura compressível e elástica. A cortiça pode ser comprimida para metade do seu volume sem perder flexibilidade e possui a particularidade única de poder ser comprimida numa dimensão sem alterar a outra. Estas características fazem da cortiça um vedante natural impermeável com extraordinária eficácia. Ao longo de séculos tem ajudado a escrever a história do vinho que hoje conhecemos. É, por assim dizer, o maior aliado do homem na conservação e melhoramento dos vinhos acondicionados em garrafa. Para muitos a rolha de cortiça é parte integrante da imagem da garrafa de vinho. Até quando?. hummmm prá mim... para sempre.....história e tradição merecem respeito.




Início das Hostilidades (Portugal, a Revolução dos Cravos)




A revolução de Abril de 1974 trouxe os primeiros problemas à rolha de cortiça. Os montados (local onde se plantam as arvores - sobreiro - que produzem a cortiça - materia prima da rolha) mudaram de mãos e a cortiça era por vezes tirada apenas com 6 anos de idade.
Na década de 80, a qualidade das rolhas diminuiu significativamente e no final da década surgiam os primeiros processos movidos por produtores de vinho australiano contra os seus fornecedores de rolhas.
Por mais que a lei ajudasse ao produtor o negócio da rolha de cortiça natural começou a estremecer.
Em 1989, a indústria portuguesa de fabricação de rolhas era fortemente censurada por muitos produtores de vinho. Meio mundo reclamava da fraca qualidade das rolhas de cortiça. Nesse mesmo ano, enquanto poderosas cadeias inglesas de distribuição começam a testar rolhas sintéticas e cápsulas de rosca.



O “Calcanhar de Aquiles” da Cortiça




O 2-4-6 Tricloroanisol (TCA) foi considerado o principal culpado. É um composto químico responsável pelo gosto de mofo, o bolor em cerca de 80% dos vinhos contaminados. Este poderosíssimo contaminante pode estar presente em papel, cartão, plástico, vidro, recipientes metálicos, madeira, barricas e também...na cortiça. Uma simples gota em uma piscina olímpica é suficiente para contaminar a água.
É um químico complexo com várias origens: fungos presentes nas imperfeições da estrutura celular da cortiça, os polifenóis próprios da cortiça e produtos utilizados na preparação da cortiça interagem parcial e integralmente levando à formação deste composto.Contudo, o “gosto de rolha” não é apenas atributo do TCA. Existem outros cloroanisóis como o tetracloroanisol (2-3-4-6 TeCA detectável a 10 ng/l) ou o mais preocupante tribromoanisol (2-4-6 TBA detéctavel a 4 ng/l) formado a partir do tribromofenol, usado como pesticida nas estruturas de madeira das adegas, que pode contaminar barricas, rolhas, plásticos, cartão ou madeira das caixas de vinho.
Tudo isto foi jogado no mesmo saco e as culpas caíram todas, e ao mesmo tempo, na nobre e valorasa rolha de cortiça. Contaminação inaceitável... a cortiça destrói os nossos vinhos,... é em suma o que transcreviam os inúmeros artigos escritos sobre o tema em finais dos anos oitenta, no preciso momento em que os vinhos iniciam uma ascensão de preços nunca antes testemunhada.




Rolhas alternativas




Rolhas sintéticas, cápsula de rosca (screwcap), rolha de vidro e a Zork.
Começando pelas primeiras, a tecnologia moderna ainda não conseguiu criar um substituto sintético para a rolha de cortiça natural. Existem inúmeras rolhas deste tipo no mercado mas múltiplos estudos aconselham apenas o seu uso em vinho de consumo rápido (um, dois anos máximo).
Esta rolha não veda totalmente a garrafa e permite importantes trocas de oxigénio com o vinho engarrafado , levando à sua oxidação precoce. Entre as várias marcas sobressaem a Nomacork, Neocork e Nukorc. São baratas, visualmente atraentes e podem ser usadas nas linhas de engarrafamento convencionais.
A cápsula de rosca tem sido o vedante mais popular na guerra contra a rolha de cortiça natural. São uniformes, muito fáceis de abrir e vários estudos comprovam que é o vedante que mantém os níveis mais elevados de antioxidante.
Tem a vantagem de evitar oxidações e a desvantagem de promover reduções com inerentes aromas desagradáveis.
No entanto, a imagem que têm junto do consumidor (europeu principalmente e especialmente os enochatos) desprestigia o vinho que usa a cápsula de rosca, é um vinho barato de todos os dias, é um vinho com pouco estatuto, enquanto a rolha mantém as preferências de estética, ambientalista, para não esquecer o ritual do abrir da garrafa com o saca-rolhas.
O vedante(adorei este termo) de vidro Vino-lok, usado por muitos produtores de vinho alemão e austríaco, é outra alternativa a ter em conta. É inerte, neutra, muito eficaz como vedante, é reciclável e esteticamente perfeita, apenas uma desvantagem – o preço que por enquanto se mantém elevado.


A rolha australiana Zork é outra alternativa interessante para vinhos de consumo rápido, atraente, fácil de utilizar e pode também ter futuro.
Por último, a Pro-cork que usa cortiça natural isolada por uma membrana de 5 camadas em cada extremidade que não permite contacto do vinho com a rolha e assegurando a impermeabilidade. Esta é uma alternativa que junta cortiça com sintéticos de um modo eficiente.










A Guerra das rolhas




A “Guerra das Rolhas” está apenas começando. Neste debate global, os números e dados científicos apresentados por cada indústria favorecem a própria em detrimento da concorrência. Ninguém se entende e muitas das vezes é mais o preço a orientar a escolha do produtor que qualquer outra coisa. Nos estudos e pareceres veiculados por ilustres técnicos e universidades as conclusões são muitas das vezes contraditórias.Perante a crescente concorrência, a indústria corticeira tem respondido a um bom nível. Centenas de milhões de euros têm sido investidos na erradicação do TCA, na criação de novos tipos de rolha assim como na certificação maciça dos procedimentos tecnológicos das inúmeras empresas. Os resultados têm vindo a revelar-se positivos. Esta conclusão surge não só de múltiplos estudos feitos em vários pontos do Mundo como também da experiência prática da Revista de Vinhos recolhida ao longo dos painéis de prova dos últimos anos.
A rolha de cortiça, que há 3 séculos criou o vinho que conhecemos hoje, é um vedante(oha ela ai de novo) para o qual hoje há concorrência efetiva, mas pensamos que dificilmente deixará de cumprir a missão para qual a natureza a criou.
Quanto às alternativas: as rolhas sintéticas são as que menos têm provado, enquanto que a cápsula de rosca continua a conquistar adeptos em particular em países pragmáticos e poucos arreigados à tradição (Austrália e Nova Zelândia) e quase sempre escolhida para vinhos brancos, rosés e tintos jovens.
A sua resposta a vinhos com potencial de envelhecimento mantém-se uma incógnita.
Quantos às restantes que existem e outras mais que poderão aparecer veremos que história terão para contar no futuro.
Mas, como sempre tenho dito, uma taça de vinho é para celebrar, sozinho ou acompanhado das pessoas afetivamente próximas, a garrafa (um dia falarei delas) a rolha, as taças são acessórios, merecem seu respeito, mas lembre-se, o melhor vinho não é o mais caro, o que tem a mais bela garrafa, o que é bebido em uma taça de cristal, o que é vedado na mais pura rolha de cortiça, mas sim aquele que nos dá prazer.
Bons vinhos !!!