domingo, 27 de março de 2011

Discussões Enófilas.

Estava em um pequeno embate salutar com meu grande amigo Alberto, que agora desfila seus conhecimentos enófilos, oriundos dos cursos que faz e encantado com os novos conhecimentos adquiridos,  vertendo em crença uma de suas teses,  a da inaplicabilidade do  "best buy". 

Óbvio, como em qualquer embate, protagonizado por pessoas de personalidade forte, há a contradição, que não poderia deixar de ter sido por mim levantada e enfaticamente defendida. Por acreditar verdadeiramente sim, mas também para mostar-lhe que deve ter em mente outras opiniões, não apenas da "grife" que ministra o curso assistido.

Há também outros fatores, já que somos humanos e de sentimentos, às vezes, não tão nobres,  como o pensamento: "como ousa este jovem iniciante no mundo enófilo questionar-me, que há anos labuto na matéria" . rsrsrs... coisas de homens (na verdade, crianças não crescidas), ...rsrs.

Entendo que há uma importância significativa nas discussões e, quando sabemos aproveitá-las, nos fazem questionar nossas próprias convicções, nossos pensamentos, nossos ideais.

Relato o fato ocorrido para relembrar o velho mestre Saul Galvão, infelizmente já falecido, de quem sou assumido fã. O velho mestre não era apenas um jornalista de números expressivos. Seu trabalho como expert no ofício de informar sobre comida e bebida era acima de tudo relevante mas descomplicado: ele sabia se comunicar com amadores, especialistas, profissionais, brindava a todos com seu profundo conhecimento.

Seu grande livro, "Tintos e Brancos", escrito em 1992 e constantemente revisado, é atual, é fundamental a quem procura conhecimento, é um clássico.

Irei, sempre que possível, republicar alguns de seus textos, suas dicas, suas críticas, seu conselhos, é o mínimo que faço de quem tanto absorvi conhecimento e, acima de tudo, ensinamentos.

Meu bom amigo, permita a si o direito à contradição, questione, não se torne um escravo das cifras $$$$$.

Doctor, abaixo, realizo seu sonho e desejado  "copy-cola", que tanto propaga que faço... , com todos os dados originais.....rsrsss

Dicas do velho mestre para espumantes, que serão bem vindos no show que iremos assistir em breve....(quem sabe desencalho, borbulhas fazem milagres), ahahahahahahah.

Espumantes Nacionais 

  • 9 de dezembro de 2008|
  •  
  • 19h05|
  • Por Saul Galvão
"Um espumante é um vinho que passa por duas fermentações: na primeira, comum a todos vinhos, o açúcar do mosto das uvas é transformado em alcool; na segunda, fermentos colocados no líquido produzem o gás, as bolinhas. Essa segunda fermentação pode acontecer na própria garrafa, o chamado método champenoise, usado no melhor e mais conhecido espumante do mundo, o Champagne (método champenoise) ou em grandes cubas fechadas como se fossem autoclaves, o sistema charmat, mais rápido.
Praticamente todos os países que fazem vinhos também têm seus espumantes, utilizando uvas das mais variadas, notadamente Chardonnay (branca) e Pinot Noir (tinta), as principais da região de Champagne, onde é feito o melhor e o que mais serve de modelo para produtos no mundo inteiro.
No Brasil, felizmente, temos espumantes de primeira frutos dos dois sistemas (charmat e champenoise) e feitos com várias cepas. As uvas da Champagne estão fazendo progresso no Rio Grande do Sul. Crescem os espumantes gerados pela Chardonnay (mais difundida) e Pinot Noir. Mas entram também outras uvas notadamente a Moscato base de muito bons espumantes doces e a Riesling Itálica, bastante difundida e com especial vocação para os espumantes.
A degustação de produtos com preços entre R$ 18 e R$ 40 foi das mais gostosas. Além dos quatro selecionados, devem ser destacados o Aurora Chardonnay Charmat (no mesmo nível que o Salton Ouro, porém um pouco mais caro) e o Salton Brut, praticamente no mesmo patamar e com uma extraordinária relação qualidade preço, pois seus preços rondam os R$ 18.
Salton Reserva Ouro Brut
Onde encontrar: Kylix Vinhos. Telefone: 3825-4422.
Preço: R$ 29
Cotação: 87/100 pontos.
Um espumante muito gostoso, feito pelo sistema charmat com as uvas Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálica. Passou seis meses em contato com as borras, com o fermento que provocou a segunda fermentação. Um vinho bem clarinho com bastante gás, que subia em fileiras regulares pelo copo.Provavelmente engarrafado em 2008, o que é um bom sinal, indica vinho jovem. Aroma não dos mais potentes, mas gostoso, fino. Melhor na boca. Bastante refrescante, com um toque mineral dos mais agradáveis. Amargor final não muito potente. Deixou sensação agradável na boca. Ótimo para bebericar. 12% de álcool.
Aurora Pinot Noir Brut
Onde encontrar: Aurora. Telefone: 3051-6124.
Preço: R$ 30
Cotação: 88/100 pontos.
Um lançamento recente, um “blanc de noirs”, isto é um branco elaborado com uvas escuras, no caso a Pinot Noir. Um espumante de primeira, com aroma potente e lembrando frutas vermelhas, talvez cerejas, como é característico da Pinot Noir. Sistema charmat. Cor um pouco carregada, atraente. Afinal, as uvas de base são escuras. Manteve o alto nível na boca. Um espumante encorpado, cremoso, com bastante fruta e uma ótima acidez. Bom para bebericar, mas pode acompanhar muitos pratos. Final de boca muito bom. Aparece um ligeiro amargor, mas o que prevalece é uma sensação gostosa, de frescor. 12% de álcool.
Marson Brut
Onde encontrar: Cave Marson. Telefone: 5042-3890.
Preço: R$ 32
Cotação: 88/100 pontos.
Um ótimo espumante, bastante aromático e gostoso na boca. Sistema charmat e 100% Chardonnay. Segundo o rótulo, “expedição de 2008″, indicando que o vinho é bem jovem, foi terminado e colocado na garrafa neste ano. Uma informação importante para o consumidor. Bem clarinho, amarelo-palha, com perlage muito boa. Bastante gás, constante. Aroma ótimo, lembrando vinhos tranqüilos nacionais feitos com a Chardonnay. Aroma frutado. Na boca, cremoso, fresco e equilibrado. Ótimo para o aperitivo. Tem um certo amargor, mas a sensação agradável prevalece no final. 12,5% de álcool.
Chandon Reserve Brut
Onde encontrar: Empório Frei Caneca. Telefone: 3472-2082.
Preço: R$ 39,90
Cotação: 89/100 pontos.


Uma garantia, um vinho constante e melhor a cada dia. Elaborado pelo sistema charmat com as uvas Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálica. Pelo rótulo, dá para deduzir que foi engarrafado em 2008, o que é um bom sinal. Clarinho, bonito, com muito gás. As bolinhas delicadas e duradouras subiam pelo copo em cordões regulares. Aroma muito bom mesmo, evocando a fruta da Chardonnay, mas não muito intenso. Algo mineral no nariz. Macio, gostoso e refrescante na boca. Frutas e toques minerais. Bem leve, elegante, excelente para bebericar. Deixa sensação de boca limpa. 11,8% de álcool."
Obs:. os preços estão desatualizados, a publicação original é de 2008


BONS VINHOS!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Um "sonzinho" fim de noite.....

Há várias receitas para se ouvir o velho mestre da guitarra, a maioria com um Bourbon, abaixo, a minha...

Um Pinot Noir - Saurus -Patagonia Select - 2006, um pouco de melancolia, uma noite chuvosa... e o velho mestre Slow hand


RIVERS OF TEARS



Its 3 miles to the river,
That would carry me away,
And 2 miles to the dusty street,

That I saw you on Today,
Its 4 miles to my lonely room,
Where I will hide my face,
And about a half a mile to the downtown bar,

That I ran from in disgrace,
Lord how long do I have to keep on running,

Seven hours, Seven days or Seven years,

All I know is since youve been gone,
feels like Im drowning in a river,

Drowning in a river of tears,
Drowning in a river,
feels like im drowning,

Drowning in a river,
In 3 more days Ill leave this town,
and dissapear without a trace,

A year from now maybe settle down,
Where no one knows my face,

I wish that I could hold you,
One more time to ease the pain,
But my times run out and I got to go,

Got to run away again,
Still I catch myself thinking,
One day I'll find my way back here,
You'll save me from drowning,

Drowning in a river,
Drowning in a river of tears,
Drowning in a river,
Feels like Im drowning,

Drowning in a river
Oh how long must this go on,




Drowning in a river,
Drowning in a river of tears








http://www.youtube.com/watch?v=7_ROxQedXjU






I Have the Blues Every day

domingo, 20 de março de 2011

Toscana - Uma uva, três nomes.

Toscana



A Toscana (terra "mia", Lucca - Lunata,) é uma das mais românticas e culturalmente mais vibrantes regiões vinícolas do mundo. Florença (MIchelangelo)  foi o berço do Renascimento e essa área ainda é um refúgio para todos os tipos de artífices: escultores, marceneiros, prateiros e naturalmente os vinhateiros. 

De Florença ao sul para Siena, e depois novamente ao sul até Montalcino, existem pequenas aldeias e cidades serranas que em muitos aspectos parecem intocadas pelo tempo. As vinícolas variam de tamanho, desde de pequenas até grandes vinícolas.


A Toscana também é o berço de três dos mais importantes vinhos tintos italianos: o Chianti, o Brunello di Montalcino e o Vino Nobile di Montepulciano (Barolo - uva Nebbiollo - da região do Piemonte - ao norte da Itália, outro grande vinho italiano que merece atenção). Embora todos sejam feitos com a uva Sangiovese – a mais importante uva tinta usada em todos os destacados vinhos tradicionais e considerada uma das melhores uvas da Itália, seus sabores são notavelmente diferentes.

Dai ai três nomes e uma uva

Sangiovese:

A Sangiovese aparece de maneira mais contundente, brilhante nos famosos Chianti Classico, com uma acidez marcante, típica para os molhos de tomate da região, mas vai muito bem com os impecáveis sanduiches de mortadela, clássico regional.

Originam, também, maravilhosos vinhos de guarda, entre eles o Castello di Ama, (que tanto desejo... eu chego lá...), mas no geral, seus vinhos são ótimos para o dia a dia...

Prugnolo Gentile:

Em Montepulciano, região mais quente, o amadurecimento da uva se dá de forma mais intensa, resultando em vinhos um pouco mais alcoólicos e mais macios. Esta denominação da Sangiovese, não aceita totalmente, vem crescendo em sua aceitação.









IMPORTANTE


O texto sobre os vinhos da Toscana já estava quase pronto, faltava apenas a revisão, mas... o blog trata de vinho e blues e por um momento único que vivi,  achei oportuno o pequeno texto abaixo, puro blues...

"O que dá vida ao Blues, é o sentimento, a interpretação da dor."

Muitas pessoas confundem o blues, o lamento explicitado, a tristeza cantada em versos, com depressão, a vocação pelo sofrer...

Ao cantar sua dor, ao revelar suas fraquezas, o verdadeiro "bluseiro" nada mais faz do que exorcizar seus males, curar suas feridas... Jamais deixará de viver intensamente, demonstrar seus sentimentos e, acima de tudo, seguir em frente.

Seus lamentos não são eternos, se eternizam pela música, sua dor é passageira, suas feridas cicatrizam...  Na verdade, são apenas momentos que poucos tem coragem de demonstrar e, ao fazê-lo,  não significa que desejam revive-los, mas sim, expressa-los e, quando o fazem, já foram superados, mas não esquecidos.

Apaixonar-se com profundidade e sem medo, viver cada momento como único sem se culpar pela perda, pela dor, são situações que cada um de nós pode e deveria vivenciar, mas apenas aquele que tem o sangue pulsante em suas veias e a coragem de expressar seus sentimentos pela música pode seguir em frente e ser chamado de bluesman!!!!

I have the blues every day.




bem, passado o momento blues...

Brunello:

O Brunelo di Montalcino é o vinho mais reverenciado da Toscana. É o vinho mais  raro, mais caro e mais duradouro da região, produzido em Montalcino (uma aldeia medieval murada, pendurada no topo de uma colina rochosa), seus vinhos granham ares sérios e com excepcional potencial de longevidade. As uvas não aproveitadas para o Brunello, são utilizadas para o menos nobre Rosso de Montalcino, vinhos mais simples, mas não menos prazeroso, afinal, é de Monltalcino!!!

Os vinhos da região da Toscana são apresentados anualmente em um grande evento típico chamado Anteprima Chianti Classsico, Anteprima Vino Nobile e Benvenuto Brunello ( DR.  ALBERTO . O CHILE É LEGAL  MAS... lembre-se "o quinteto irreverente"), juntando as três regiões em um evento único e imperdível!"!!!!!

Quem sabe em um deles estaremos presentes !!!!!!!!!

enquanto isso...


Bons Vinhos !

domingo, 13 de março de 2011

Eric Clapton - From the Cradle

Tamanha sua genialidade, Eric Clapton nunca pôde ser caracterizado como ícone de um único gênero. Os fãs, entre eles eu, sabem bem que em seu íntimo, "Slow hand" mantém um forte elo com o blues. Prova disso foi o lançamento do excelente From the Cradle. Trata-se de 16 faixas, incluindo-se clássicos de peso, que levam aos fãs a essência de um Clapton diferenciado, com alma de bluesman.

Abrindo o álbum, Blues Before Sunrise dá mostras do que vem pela frente. A sincronia perfeita entre os acordes da guitarra e o vocal propositadamente rouco de Eric fazem desta faixa a mais empolgante de todas.

Third Degree, Reconsider Baby, Hoochie Coochie Man e Five Long Years formam uma das melhores seqüências que já ouvi em um álbum de blues. Não apenas por se tratarem de quatro clássicos do estilo, mas principalmente porque Clapton os faz ficar ainda melhores. Em Third Degree, o bom e velho blues de fim de noite. A sonoridade imposta pelo Deus da Guitarra transporta o ouvinte ao Mississipi do início do século passado, quando os negros cantarolavam em tons melodramáticos. Reconsider Baby – de Lowell Fulson – traz incursões de um piano muito bem executado por Chris Stainton, eterno companheiro de Clapton.

Por todos os motivos pertinentes – trata-se de uma lenda do blues - Hoochie Coochie Man é a melhor faixa de From the Cradle. Na minha modesta opinião, nenhum outro blues representa tanto o gênero quanto este. Interpretado por Eric Clapton, torna-se um ícone da música mundial. Não menos clássica, Five Long Years é um show de técnica. A guitarra nas mãos de seu Deus transcende o que há conhecido no blues. 

Esse é o diferencial de Clapton.

I´m Tore Down reúne elementos do dançante rock n’ roll dos anos 50. E assim como em Five Long Years, o guitarrista justifica o apelido. A calmaria que reina em How Long Blues, por sua vez, faz com que este seja um dos blues mais prazerosos já gravados. A combinação piano-gaita-violão convida os fãs a se sentarem em um canto ensolarado e "saborearem" cada um dos acordes.

Particularmente, Goin’ Away Baby é a faixa mais modesta de From the Cradle. Traz um bom balanço, é verdade, um ótimo acompanhamento de gaita, mas não chega a contagiar. Em contrapartida, Blues Leave Me Alone e Sinner’s Prayer são ideais para serem ouvidas com um bom copo de whisky nas mãos (eu particularmente prefiro um bom Cabernet Sauvignon, mas os puristas dirão que não combina, às favas os puristas). A segunda faixa ainda ganha, mais uma vez, o vocal rouco de Clapton.

Motherless Child perde-se um pouco do estilo imposto ao álbum. Trata-se de uma faixa diferenciada, que agrupa elementos variados do blues. Vale ser ouvida com atenção.

It Hurts Me Too – clássico de Elmore James –, Someday After a While e Standin’ Round Crying são perfeitas. De todas as faixas de From the Cradle, são as únicas em que se percebe, do início ao fim, o estilo bluesman de Eric Clapton, sob todas suas influências.

E por falar em influência, Driftin’ é uma homenagem não explícita ao estilo único de John Lee Hooker. Trata-se de um autêntico boogie, com batida de pé e violão, apenas.

Groaning The Blues fecha o álbum com maestria. Clássico de Willie Dixon, o Deus da Guitarra o interpreta de forma que seu instrumento "chore" todas as notas, mesclando seu próprio virtuosismo ao estilo melodioso de BB King. From the Cradle, efetivamente, é um dos álbuns TOP da história do blues.

Temos neste disco um Clapton voltado ao Blues, mostrando toda sua essência, sua técnica e acima de tudo, sua magistral interação com o instrumento, que o levaram a ser chamado de o "Deus da Guitarra".

Em 2004, Eric grava o excepcional Session for Robert Jonhson, onde o mestre faz uma releitura dos grandes clássico da lenda do Blues.

Mas ai.. já é uma outra história para um outro dia...

I Have The Blues Every Day

domingo, 6 de março de 2011


Experimente

Harmonizar  vinho e comida é simples no atacado e complicado no varejo.


A regrinha básica desta difícil – e prazerosa – arte impõe: carnes vermelhas com tintos e peixes com brancos.
Fácil? Engano. Aí entram outros ingredientes, texturas e uma infinidade de variedades e sabores que complicam a combinação perfeita, isto é, aquela que maximiza o sabor do alimento e propõe uma parceria com o vinho. Para tentar ajudar aqueles que estão atrás da harmonização ideal são produzidas inúmeras e extensas listas que só confundem e atrapalham. 
Harmonização por cor
Uma associação cromática por similaridade pode facilitar o entendimento da regra básica da combinação comida e vinho.
  • Vinhos brancos combinam com alimentos menos coloridos, como as carnes brancas de peixes, aves e frutos do mar, e pratos com molhos igualmente brancos
  • Vinhos tintos combinam com alimentos mais escuros, como carnes vermelhas, molhos de tomate, de tonalidades mais escuras e, claro, molhos feitos com o próprio vinho tinto.
Harmonização por peso
Outra boa linha de harmonização aconselha a harmonização pelo peso dos alimentos. Aqui vale a reprodução do trecho do livro Comida e Vinho, dos especialistas José Ivan Santos e José Maria Santana (a gente sempre deve recorrer aos mestres que já se debruçaram sobre o tema, em vez de reeditar o que já foi escrito, certo?)
“Alimentos e vinhos têm peso, e ele deve ser levado em conta na harmonização. Um vinho potente vai atropelar uma comida leve e o contrário também é verdadeiro. As proporções de um e outro devem ser parecidas. Sabores delicados pedem vinhos delicados. A gente sabe quase naturalmente o que é uma comida leve ou pesada.
  • Peixe grelhado ou um espaguete fininho com molho de manteiga de sálvia são pratos sutis, um convite para um branco leve.
  • Uma refeição à base de pão e queijos de massa mole está mais para peso médio, acolhendo bem um branco de corpo médio, como um chardonnay sem muita madeira ou tinto jovem, um pinot noir ou malbec.
  • Cordeiro, caça, carnes e massas com molhos copiosos e com queijos de pasta dura são comidas de sabor forte. De maior peso, que pedem um vinho à altura, com um musculoso cabernet sauvignon, um barolo, um tannat ou um shiraz australiano potente.”
Quebrando regras
Mas as regras só existem para serem quebradas, não é mesmo? Você tem de agir conforme as circunstâncias. Em uma festa não cabe buscar a combinação perfeita, em um restaurante, quando um casal se divide entre um peixe e um cordeiro ou alguém sai perdendo ou ambos cedem – e se escolhe um tinto ou branco de corpo médio. Mas perder também pode significar arriscar. E tirar proveito da situação.
E branco com carne vermelha, pode?
Eu penso assim, tudo pode, se vai funcionar.. ai é outra historia...Certo dia cheguei em casa e tinha um delicioso chardonnay  aberto, um belo Argentino, linha Reserva, que confesso, foi comprado em um supermercado, e não falo qual, pois nunca me dão um descontinho, apesar da minha constante insistência...rsrs, mas voltando ao assunto,  um branco saboroso, de fácil degustação.
Neste dia, ou melhor, noite, após um mais um longo dia laborativo, como de costume, não tinha nada pronto, então que tal um "bifinho" grelhado com azeite e ervas, acompanhado com alguns legumes (batata, cenoura e algumas folhas e uns poucos tomates "sweet grap") era o que tinha na geladeira. Sem molhos para acompanhar. Ou seja, comida daquelas que se tem em casa, e não no restaurante, o verdadeiro "Catadão".
O que eu fiz? Aproveitei o vinho aberto, despejei na taça e fui sorvendo aos goles antes da refeição. Boca amaciada continuei com os goles do branco chileno entre uma bocada e outra do saboroso filé e seus acompanhamentos. Harmonizou? Desceu que foi uma beleza, não brigou com a comida, o filé era leve, os vegetais suavemente acompanhavam e o  vinho limpava a boca e agüentava o tranco com uma boa estrutura. Um tinto era a melhor saída? Sem sombra de duvidas, mas o objetivo aqui era experimentar – e aproveitar o vinho aberto.
Lição da noite: nada é tão rígido que não deva ser desafiado no mundo do vinho. Quem faz as regras é o seu paladar. Quando o resultado é positivo, é puro prazer.  O preço do erro é quebrar a cara, e passar a considerar o copo de água a combinação mais interessante. Audácias eventuais na harmonização merecem o aplauso, mas convém não exagerar e cair no mau gosto que pode render algumas vaias. Dos especialistas e do seu amigo enófilo? Não, essas não importam.  Vaias do seu paladar mesmo, seu melhor crítico.