quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Blues e seus instrumentos - parte 1

O Blues, originariamente, surgiu dos velhos canticos entoados pelos escravos nos campos do sul dos Estados Unidos, diferentemente do Brasil onde os tambores eram permitidos, lá não. Passaram então a utilizar-se de violões e gaitas, tocados pelos mestres no final do século 19 e início do século 20.


Dois instrumentos remetem-nos diretamente ao Blues:


A gaita e a guitarra.


Da gaita, já escrevi anteriormente, contando sua origem e seus mestres...


Hoje escreverei um pouco sobre a guitarra...



Como já falei da minha primeira guitarra, uma Finch Les Paul, que por uma vontade maior não mais esta comigo, escreverei sobre minha guitarra, uma Squier by Fender, made in Japan - ano 1982, modelo vintage 1957. (foto).



Essa guitarra foi comprada na Itália, em 1982, provalmente em Firenze, talvez Pisa, por um primo, Stefano, e trazida ao Brasil por minha "nona", a pedido de meu Pai. Valeu veio !!!!!



Quase trinta anos depois, após pesquisar, descobri que tenho uma verdadeira joia, uma "guita" que não deixa nada a desejar às Fenders atuais, incomparável às Squiers de hoje, que são fabricadas na China e, como todo produto "ching ling", tem suas variações de qualidade.


Vou tentar resumir a historia da Squier made in Japan e a sorte de ter uma "guita" tão especial e cobiçada.


Lá vai:


Nos anos 70, tanto a Gibson quanto a Fender eram empresas controladas por investidores unicamente direcionados ao lucro que sua companhias poderiam oferecer. (Norlin - Gibson e CBS - Fender). A partir dai, ambas uma grande queda na qualidade de seus produtos (mas não de preços). Paralelamente, os japoneses evoluem em suas cópias e no início dos anos 80 o dólar valoriza-se demais. Prejuízo das americanas e queda da exportação.(Problemas ao Capitalismo Americano)



Em 1981, preocupada com a queda nos lucros, a CBS contrata Bill Shultz e Dan Smith para administrarem a Fender, ambos ex-funcionários da Yamaha. A solução frente à competição japonesa e ao câmbio desfavorável foi criar a "Fender Japan" com os 2 maiores distribuidores de lá (Yamano e Kanda Shokai). A empresa recém criada contratou a Fuji Gen-Gakki (IBANEZ) para fabricar as Fender. Com o dólar alto, a exportação era inviável - a idéia então era usar o Japão como exportador (exceto para os EUA - volto a esse detalhe depois). Nesse meio tempo, a Fender iniciou um processo de "volta às origens", para melhorar a qualidade de suas guitarras. Chegaram ao absurdo comprar guitarras e baixos Fender vintage para reaprender o processo.



Quando chegaram aos EUA as primeiras guitarras Fender (Squire) japonesas (as strato eram baseadas nas 57), segundo palavras do próprio Dan Smith, o pessoal da Fender quase chorou. A qualidade era excepcional. Tudo o que eles estavam tentando fazer estava ali na frente deles e... vinha do Japão!



Então, a situação era essa: Fender USA continuava produzindo para os EUA e a Fender (Squire)Japan para o resto do mundo (todas feitas pela mesma fábrica da Ibanez e com o "Made In Japan"). Mas mesmo nos EUA, o custo era alto e a CBS exigiu cortes, gerando guitarras muito ruins nesse período. As piores Fender USA jamais feitas são dessa época, 1983. A CBS resolveu competir com os japoneses que estavam entrando com força nos EUA e passou a vender as Fender japonesas lá tbém, mas com a marca "Fender Squier" e headstock estilo anos 70, prá não haver competição entre eles mesmos.



Em novembro de 1984 (em 1986 a Norlin também vendeu a Gibson), um grupo de investidores liderados por Bill Schultz comprou a Fender da CBS. Na verdade, comprou a marca "Fender", já que a fábrica não estava incluida. Sem fábrica nos EUA, a Fender passou a depender inteiramente da produção japonesa.





"Nenhuma Fender foi produzida nos EUA entre janeiro e outubro de 1985".




Quando a Fender voltou a produzir normalmente (isso foi muito gradual) o interesse na produção de alta qualidade do japão diminuiu e, ao mudar de fornecedor, por força de contrato, as novas guitarras não poderiam mais usar o "made in japan", apenas o "crafted in japan", à partir de 1996/7.



Com o dolar já competitivo, à partir de 1985 a Fender autoriza outros fabricantes (Coréia) a produzirem uma segunda linha, sempre denominada "Squier". A exportação japonesa diminuiu muito mas manteve-se por um bom período .




A competição cada vez mais acirrada obrigou uma queda de preços e portanto, qualidade dessa linha e hoje em dia é isso que vemos: a Squier é feita na China e é uma guitarra barata sob todos os aspectos.




As Fender(Squier) made in Japan, do período entre 1982 e 1986, estão entre as melhores Fender de todos os tempos. O oposto ocorre com as Americanas entre 1980 e 1984.


Os primeiros modelos Fender Japão introduzida em Maio de 1982 foram de 1957 e 1962 da série, que eram modelos Fender Stratocaster ST'57-115, ST'57-85, ST'57-65, ST'62-115, ST'62-85 , ST'62-65 e os modelos Precision Bass PB'57-95, PB'57-70, PB'62-98, PB'62-75. Estes modelos foram modelos Fender Squier. Eles tinham Fender EUA pickups instalados e foram feitas para o mercado japonês, e não apenas para a exportação .



As primeiras Fender (Squier) made in Japan são conhecidas como Squiers JV, com JV identificando as vintage japonesas e foram feitas pelo Fuji Gen Gakki (Ibanez) e fábricadas no Japão, com o apoio técnico da Fender nos EUA. A minha é JV 68496.



Estes primeiros modelos Squier JV foram produzidos até final de 1984 e são muito procuradas por colecionadores de hoje por sua qualidade e escassez relativa. Logo após sua introdução, uma nova e maior Squier "logo" apareceu, acompanhado do já familiar "by Fender ".

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O Bacalhau e o Vinho



Com a aproximação das festas de fim de ano, vem sempre em mente os pratos tradicionais, (Peru, Chester, Lentilha e afins), mas vamos alterar um pouco esta lógica, algo menos conservador, mas tradicional. O Bacalhau!!!!. Felizmente hoje em dia, os peixinhos nórdicos são muito apreciados em inúmeros momentos do ano, sendo parte integrante do cardápio de vários restaurantes.

O Bacalhau foi escolhido por minha família como o grande astro das festas de final de ano.

Não vou me atrever a discorrer sobre receitas, modo de preparo e todos os procedimentos...

Dna. Maria Helena (minha mãe) é uma especialista com muitos anos de experiência no preparo desta iguaria, seria muita pretensão de minha parte..rsrs

Ficarei apenas com os vinhos e sua harmonização...

Em termos de enogastronomia, o assunto parece ser polêmico já com a cor do vinho: tinto ou branco?

Para complicarmos um pouco mais, que tal esta definição:


"Bacalhau não é peixe, bacalhau não é carne, bacalhau é bacalhau!"

Ilógico??

Na verdade não, já que bacalhau não é um peixe. Não encontramos o bacalhau pronto na natureza. Sua origem está numa espécie de peixe do mar do Norte denominada Cod Fish ou Gadus Morhua. É desta matéria prima que começa um processo de transformação, cujo produto final chama-se bacalhau.

Depois de devidamente limpo e precisamente cortado, o peixe é submetido a um processo de salga onde ocorrerão importantes transformações. O sal vai desidratar a carne concentrando aromas e sabores e modificar sua textura, tornando-a mais compacta. Mesmo depois de pronto, o bacalhau sofre uma oxidação parcial devido principalmente à sua exposição nos pontos de venda.

Quando preparamos o bacalhau, fazemos o processo inverso, evidentemente com sequelas. Hidratamos o bacalhau com várias demolhas (banhos em ahua fria/gelada), retirando de forma adequada o excesso de sal.

Aliás, esta é uma premissa importante na harmonização. Bacalhau bem feito tem sal na medida certa como qualquer outro prato salgado.
obs: É muito mais prático comprar o Bacalhau dessalgado (congelado), mas lembre-se, haverá perda no sabor.



Vamos agora à procura dos vinhos.



 Em primeiro lugar, o vinho deve ser estruturado, com sabores marcantes, pois o prato tem personalidade. É lógico que há inúmeras receitas e maneiras de preparar bacalhau. Iremos nos ater sobretudo, em postas de bacalhau como prato principal. O Bacalhau ao forno, com batatas, azeitonas pretas, tomate, alho, cebola e muito, mas, muito azeite.
Aqueles que preferem branco, o chardonnay acarvalhado resume bem o vinho ideal. É um vinho potente, aromático, com frutas tropicais, baunilha, especiarias e um toque defumado que casa muito bem com os aromas do prato. Sua acidez embora discreta, é suficiente para contrabalançar a gordura e a oleosidade. O ideal são chardonnays relativamente simples, com um estilo mais potente do Novo Mundo e até razoavelmente evoluídos. 

 Já para os vinhos ibéricos, seus parceiros naturais, os brancos portugueses da casta Encruzado (Dão) e Antão Vaz (Alentejo) passados em barricas parecem ideais. Os brancos riojanos reservas com a famosa casta Viura ficam ótimos também.
Entrando agora no terreno dos tintos, a polêmica é maior. Novamente, por uma questão de afinidade, os ibéricos sobressaem. De qualquer forma, os tintos precisam ser estruturados, mas sem sutilezas exageradas.

Aqueles que apostam na Pinot Noir, pode não haver conflitos, mas dificilmente o vinho apresenta força suficiente para o prato.

Existem duas linhas de raciocínio para os tintos. A primeira, é encontrarmos vinhos estruturados e evoluídos, onde os taninos estejam totalmente domados. O problema dos taninos marcantes, principalmente nos vinhos jovens é que pode haver uma pequena metalização no sabor, já que no bacalhau há sempre um resquício de peixe, sua origem, e não o excesso de sal. Neste sentido, Douros e Dãos reservas evoluídos podem combinar muito bem, pois apresentam estrutura suficiente, acidez desejada, taninos domados, madeira integrada e aromas terciários importantes, formando um conjunto harmonioso com o bacalhau. Da parte espanhola, os riojas reservas e gran reservas podem ser surpreendentes, principalemente aqueles de estilo mais clássico.

A segunda possibilidade seria com tintos potentes, frutados e pouco tânicos, sendo estes taninos bem trabalhados. É o caso por exemplo dos alentejanos, não os reservas que costumam ter estrutura tânica mais acentuada, e sim os mais simples, que não tem contato com madeira, mas precisam ser concentrados em aromas primários. No caso da tradicional bacalhoada, os tomates, as azeitonas e cebolas encontram eco na juventude e vivacidade destes vinhos.

Quanto aos chamados Vinhos Verdes, essencialmente os brancos, faltam corpo e estrutura para o bacalhau, apesar de seu incrível frescor. No entanto, saladas e risotos que incorporem o bacalhau podem ter peso adequado ao vinho. O s famosos e espetaculares bolinhos de bacalhau combinam perfeitamente com estes vinhos.

O assunto é vasto e intrigante, não havendo soluções perfeitas e definitivas. Na enogastronomia vale sempre experimentar novas alternativas baseadas na peculiaridade de cada receita.

Experimente, conheça seu paladar, não fique preso a regras e ditames, só assim poderá descobrir o que melhor lhe agrada.

Bons Vinhos!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Vinho e água

Vinho e Água



Pode-se dizer que a regra número 1 para se tomar vinho é que ele é bebido alternadamente com a água. Onde houver uma garrafa de vinho, deve haver uma jarra de água preferencialmente bem fria ou gelada, para ser tomada moderadamente, a espaços, ao longo da refeição.





A principal razão para isso é que o vinho pode ser refrescante, mas não é hidratante.

Ao contrário, o álcool que ele contém é um diurético, ou seja, provoca a eliminação da água do organismo e a conseqüente quebra do balanço de líquidos do corpo, principal causa da dor de cabeça e da ressaca.





Outro motivo é querer remover com a água o sabor da comida na boca, a intervalos durante a refeição, quando se deseja apreciar separadamente o sabor de um vinho muito especial.





O anfitrião ou o garçom oferecerão ou encherão primeiro os copos de água, e só depois encherão o copo de vinho.




Quando se dispõe a louça, os talheres e os copos na mesa de refeição, deve-se colocar no mínimo dois copos: um maior para água e outro para o vinho

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Crossroads - A paixão pelo Blues

Um músico talentoso. Uma paixão pelo Blues. Uma inocência a caminho de ser testada. Esta é a parte lúdica do filme. Eugene tem um talento nato para o violão clássico, mas sonha se tornar um “blues man”. Assim, ele investiga e busca encontrar uma célebre canção perdida de Robert Johnson. Eugene encontra, literalmente, o lendário músico “Willie Brown”, morando em um asilo, e que diz poder ajudá-lo na busca pela música, desde que Eugene o ajude a fugir do hospital.


E aqui começa o aprendizado de Eugene sobre o blues, no caminho para a sua origem: o delta do Mississippi. Amor, paixão, desilução, frustação, todos os "sentimentos" do Blues serão vividos por Eugene. A inocência e a técnica de Eugene ainda serão colocadas à prova num duelo emocionante de guitarras valendo literalmente, "as almas dos perdedores". Participação de Steve Vai como o “endiabrado” guitarrista Jack Butler.

O filme é uma adaptação livre do mais explorado mistério de Robert Jonhson, o pacto com o diabo.


 
Para quem já viu  vale relembrar e para quem não viu ...o grande final... assista!!!! 
...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Descomplicando o Vinho

Todos temos um pouco de medo do vinho...

Mas na verdade, o que realmente tememos é a liturgia....
Nos foi ensinado, desde sempre, que beber vinho é sinonimo de classe, é "chic"...

Vamos brincar um pouco... abaixo algumas dicas que, com certeza, irão ajudar e muito nesse ritual...


 O que fazer quando a garrafa é mostrada?


Checar no rótulo se é aquele vinho que foi pedido, não esquecendo de certificar-se da safra também.



2º- O que fazer quando a rolha é colocada na mesa ?

Verificar o estado da rolha, principalmente se ela não está rachada, mas só vale se for em toda a extensão, ou seja, de cima a baixo, pois dessa maneira, teria entrado ar no vinho, oxidando-o.





3º- O que fazer,quando o vinho é servido,só um pouquinho na taça?



Espera-se que verifiquemos se o vinho está bom ou não. Caso ele esteja ruim, será trocado.Mas atenção, só vale para quando não está bom e não por não ser de nosso agrado.



Primeiro erguemos a taça contra a luz para verificar se há algum corpo estranho, sem ser borra (indica guarda), sem ser cristais e CO2 (resultantes de vinificação). Depois, sem agitar a taça, fazendo uso do olfato, procuramos um cheiro ruim, que pode ser mofado, avinagrado ou oxidado ( sem ser o Jerez, pois é uma de suas características).

É importante não dar aquele giro do vinho na taça, pois os aromas poderiam se confundir com os ruins, dificultando a percepção. O vinho com aroma ruim tende a aumentar.

Caso tenha dúvida, espere alguns minutos e veja se ficou mais nítido, mas sempre podemos nos certificar colocando-o na boca e provando-o, se estiver bom, faça o sinal ou fale ...pode servir.



O correto é encher 1/3 da taça para vinhos e 2/3 para espumantes.





4º- Como segurar a taça de vinho ?
Segure a taça sempre pela haste ou base. Nunca pelo corpo, pois estaria alterando a temperatura do vinho.







5º- Como degustar ?

Relaxe. Descubra o seu gosto pessoal nesse universo complexo de aromas, sabores e sensações.


Bons Vinhos !!!!!!!

beber um vinho é celebrar