quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Blues e seus instrumentos - parte 1

O Blues, originariamente, surgiu dos velhos canticos entoados pelos escravos nos campos do sul dos Estados Unidos, diferentemente do Brasil onde os tambores eram permitidos, lá não. Passaram então a utilizar-se de violões e gaitas, tocados pelos mestres no final do século 19 e início do século 20.


Dois instrumentos remetem-nos diretamente ao Blues:


A gaita e a guitarra.


Da gaita, já escrevi anteriormente, contando sua origem e seus mestres...


Hoje escreverei um pouco sobre a guitarra...



Como já falei da minha primeira guitarra, uma Finch Les Paul, que por uma vontade maior não mais esta comigo, escreverei sobre minha guitarra, uma Squier by Fender, made in Japan - ano 1982, modelo vintage 1957. (foto).



Essa guitarra foi comprada na Itália, em 1982, provalmente em Firenze, talvez Pisa, por um primo, Stefano, e trazida ao Brasil por minha "nona", a pedido de meu Pai. Valeu veio !!!!!



Quase trinta anos depois, após pesquisar, descobri que tenho uma verdadeira joia, uma "guita" que não deixa nada a desejar às Fenders atuais, incomparável às Squiers de hoje, que são fabricadas na China e, como todo produto "ching ling", tem suas variações de qualidade.


Vou tentar resumir a historia da Squier made in Japan e a sorte de ter uma "guita" tão especial e cobiçada.


Lá vai:


Nos anos 70, tanto a Gibson quanto a Fender eram empresas controladas por investidores unicamente direcionados ao lucro que sua companhias poderiam oferecer. (Norlin - Gibson e CBS - Fender). A partir dai, ambas uma grande queda na qualidade de seus produtos (mas não de preços). Paralelamente, os japoneses evoluem em suas cópias e no início dos anos 80 o dólar valoriza-se demais. Prejuízo das americanas e queda da exportação.(Problemas ao Capitalismo Americano)



Em 1981, preocupada com a queda nos lucros, a CBS contrata Bill Shultz e Dan Smith para administrarem a Fender, ambos ex-funcionários da Yamaha. A solução frente à competição japonesa e ao câmbio desfavorável foi criar a "Fender Japan" com os 2 maiores distribuidores de lá (Yamano e Kanda Shokai). A empresa recém criada contratou a Fuji Gen-Gakki (IBANEZ) para fabricar as Fender. Com o dólar alto, a exportação era inviável - a idéia então era usar o Japão como exportador (exceto para os EUA - volto a esse detalhe depois). Nesse meio tempo, a Fender iniciou um processo de "volta às origens", para melhorar a qualidade de suas guitarras. Chegaram ao absurdo comprar guitarras e baixos Fender vintage para reaprender o processo.



Quando chegaram aos EUA as primeiras guitarras Fender (Squire) japonesas (as strato eram baseadas nas 57), segundo palavras do próprio Dan Smith, o pessoal da Fender quase chorou. A qualidade era excepcional. Tudo o que eles estavam tentando fazer estava ali na frente deles e... vinha do Japão!



Então, a situação era essa: Fender USA continuava produzindo para os EUA e a Fender (Squire)Japan para o resto do mundo (todas feitas pela mesma fábrica da Ibanez e com o "Made In Japan"). Mas mesmo nos EUA, o custo era alto e a CBS exigiu cortes, gerando guitarras muito ruins nesse período. As piores Fender USA jamais feitas são dessa época, 1983. A CBS resolveu competir com os japoneses que estavam entrando com força nos EUA e passou a vender as Fender japonesas lá tbém, mas com a marca "Fender Squier" e headstock estilo anos 70, prá não haver competição entre eles mesmos.



Em novembro de 1984 (em 1986 a Norlin também vendeu a Gibson), um grupo de investidores liderados por Bill Schultz comprou a Fender da CBS. Na verdade, comprou a marca "Fender", já que a fábrica não estava incluida. Sem fábrica nos EUA, a Fender passou a depender inteiramente da produção japonesa.





"Nenhuma Fender foi produzida nos EUA entre janeiro e outubro de 1985".




Quando a Fender voltou a produzir normalmente (isso foi muito gradual) o interesse na produção de alta qualidade do japão diminuiu e, ao mudar de fornecedor, por força de contrato, as novas guitarras não poderiam mais usar o "made in japan", apenas o "crafted in japan", à partir de 1996/7.



Com o dolar já competitivo, à partir de 1985 a Fender autoriza outros fabricantes (Coréia) a produzirem uma segunda linha, sempre denominada "Squier". A exportação japonesa diminuiu muito mas manteve-se por um bom período .




A competição cada vez mais acirrada obrigou uma queda de preços e portanto, qualidade dessa linha e hoje em dia é isso que vemos: a Squier é feita na China e é uma guitarra barata sob todos os aspectos.




As Fender(Squier) made in Japan, do período entre 1982 e 1986, estão entre as melhores Fender de todos os tempos. O oposto ocorre com as Americanas entre 1980 e 1984.


Os primeiros modelos Fender Japão introduzida em Maio de 1982 foram de 1957 e 1962 da série, que eram modelos Fender Stratocaster ST'57-115, ST'57-85, ST'57-65, ST'62-115, ST'62-85 , ST'62-65 e os modelos Precision Bass PB'57-95, PB'57-70, PB'62-98, PB'62-75. Estes modelos foram modelos Fender Squier. Eles tinham Fender EUA pickups instalados e foram feitas para o mercado japonês, e não apenas para a exportação .



As primeiras Fender (Squier) made in Japan são conhecidas como Squiers JV, com JV identificando as vintage japonesas e foram feitas pelo Fuji Gen Gakki (Ibanez) e fábricadas no Japão, com o apoio técnico da Fender nos EUA. A minha é JV 68496.



Estes primeiros modelos Squier JV foram produzidos até final de 1984 e são muito procuradas por colecionadores de hoje por sua qualidade e escassez relativa. Logo após sua introdução, uma nova e maior Squier "logo" apareceu, acompanhado do já familiar "by Fender ".

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O Bacalhau e o Vinho



Com a aproximação das festas de fim de ano, vem sempre em mente os pratos tradicionais, (Peru, Chester, Lentilha e afins), mas vamos alterar um pouco esta lógica, algo menos conservador, mas tradicional. O Bacalhau!!!!. Felizmente hoje em dia, os peixinhos nórdicos são muito apreciados em inúmeros momentos do ano, sendo parte integrante do cardápio de vários restaurantes.

O Bacalhau foi escolhido por minha família como o grande astro das festas de final de ano.

Não vou me atrever a discorrer sobre receitas, modo de preparo e todos os procedimentos...

Dna. Maria Helena (minha mãe) é uma especialista com muitos anos de experiência no preparo desta iguaria, seria muita pretensão de minha parte..rsrs

Ficarei apenas com os vinhos e sua harmonização...

Em termos de enogastronomia, o assunto parece ser polêmico já com a cor do vinho: tinto ou branco?

Para complicarmos um pouco mais, que tal esta definição:


"Bacalhau não é peixe, bacalhau não é carne, bacalhau é bacalhau!"

Ilógico??

Na verdade não, já que bacalhau não é um peixe. Não encontramos o bacalhau pronto na natureza. Sua origem está numa espécie de peixe do mar do Norte denominada Cod Fish ou Gadus Morhua. É desta matéria prima que começa um processo de transformação, cujo produto final chama-se bacalhau.

Depois de devidamente limpo e precisamente cortado, o peixe é submetido a um processo de salga onde ocorrerão importantes transformações. O sal vai desidratar a carne concentrando aromas e sabores e modificar sua textura, tornando-a mais compacta. Mesmo depois de pronto, o bacalhau sofre uma oxidação parcial devido principalmente à sua exposição nos pontos de venda.

Quando preparamos o bacalhau, fazemos o processo inverso, evidentemente com sequelas. Hidratamos o bacalhau com várias demolhas (banhos em ahua fria/gelada), retirando de forma adequada o excesso de sal.

Aliás, esta é uma premissa importante na harmonização. Bacalhau bem feito tem sal na medida certa como qualquer outro prato salgado.
obs: É muito mais prático comprar o Bacalhau dessalgado (congelado), mas lembre-se, haverá perda no sabor.



Vamos agora à procura dos vinhos.



 Em primeiro lugar, o vinho deve ser estruturado, com sabores marcantes, pois o prato tem personalidade. É lógico que há inúmeras receitas e maneiras de preparar bacalhau. Iremos nos ater sobretudo, em postas de bacalhau como prato principal. O Bacalhau ao forno, com batatas, azeitonas pretas, tomate, alho, cebola e muito, mas, muito azeite.
Aqueles que preferem branco, o chardonnay acarvalhado resume bem o vinho ideal. É um vinho potente, aromático, com frutas tropicais, baunilha, especiarias e um toque defumado que casa muito bem com os aromas do prato. Sua acidez embora discreta, é suficiente para contrabalançar a gordura e a oleosidade. O ideal são chardonnays relativamente simples, com um estilo mais potente do Novo Mundo e até razoavelmente evoluídos. 

 Já para os vinhos ibéricos, seus parceiros naturais, os brancos portugueses da casta Encruzado (Dão) e Antão Vaz (Alentejo) passados em barricas parecem ideais. Os brancos riojanos reservas com a famosa casta Viura ficam ótimos também.
Entrando agora no terreno dos tintos, a polêmica é maior. Novamente, por uma questão de afinidade, os ibéricos sobressaem. De qualquer forma, os tintos precisam ser estruturados, mas sem sutilezas exageradas.

Aqueles que apostam na Pinot Noir, pode não haver conflitos, mas dificilmente o vinho apresenta força suficiente para o prato.

Existem duas linhas de raciocínio para os tintos. A primeira, é encontrarmos vinhos estruturados e evoluídos, onde os taninos estejam totalmente domados. O problema dos taninos marcantes, principalmente nos vinhos jovens é que pode haver uma pequena metalização no sabor, já que no bacalhau há sempre um resquício de peixe, sua origem, e não o excesso de sal. Neste sentido, Douros e Dãos reservas evoluídos podem combinar muito bem, pois apresentam estrutura suficiente, acidez desejada, taninos domados, madeira integrada e aromas terciários importantes, formando um conjunto harmonioso com o bacalhau. Da parte espanhola, os riojas reservas e gran reservas podem ser surpreendentes, principalemente aqueles de estilo mais clássico.

A segunda possibilidade seria com tintos potentes, frutados e pouco tânicos, sendo estes taninos bem trabalhados. É o caso por exemplo dos alentejanos, não os reservas que costumam ter estrutura tânica mais acentuada, e sim os mais simples, que não tem contato com madeira, mas precisam ser concentrados em aromas primários. No caso da tradicional bacalhoada, os tomates, as azeitonas e cebolas encontram eco na juventude e vivacidade destes vinhos.

Quanto aos chamados Vinhos Verdes, essencialmente os brancos, faltam corpo e estrutura para o bacalhau, apesar de seu incrível frescor. No entanto, saladas e risotos que incorporem o bacalhau podem ter peso adequado ao vinho. O s famosos e espetaculares bolinhos de bacalhau combinam perfeitamente com estes vinhos.

O assunto é vasto e intrigante, não havendo soluções perfeitas e definitivas. Na enogastronomia vale sempre experimentar novas alternativas baseadas na peculiaridade de cada receita.

Experimente, conheça seu paladar, não fique preso a regras e ditames, só assim poderá descobrir o que melhor lhe agrada.

Bons Vinhos!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Vinho e água

Vinho e Água



Pode-se dizer que a regra número 1 para se tomar vinho é que ele é bebido alternadamente com a água. Onde houver uma garrafa de vinho, deve haver uma jarra de água preferencialmente bem fria ou gelada, para ser tomada moderadamente, a espaços, ao longo da refeição.





A principal razão para isso é que o vinho pode ser refrescante, mas não é hidratante.

Ao contrário, o álcool que ele contém é um diurético, ou seja, provoca a eliminação da água do organismo e a conseqüente quebra do balanço de líquidos do corpo, principal causa da dor de cabeça e da ressaca.





Outro motivo é querer remover com a água o sabor da comida na boca, a intervalos durante a refeição, quando se deseja apreciar separadamente o sabor de um vinho muito especial.





O anfitrião ou o garçom oferecerão ou encherão primeiro os copos de água, e só depois encherão o copo de vinho.




Quando se dispõe a louça, os talheres e os copos na mesa de refeição, deve-se colocar no mínimo dois copos: um maior para água e outro para o vinho

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Crossroads - A paixão pelo Blues

Um músico talentoso. Uma paixão pelo Blues. Uma inocência a caminho de ser testada. Esta é a parte lúdica do filme. Eugene tem um talento nato para o violão clássico, mas sonha se tornar um “blues man”. Assim, ele investiga e busca encontrar uma célebre canção perdida de Robert Johnson. Eugene encontra, literalmente, o lendário músico “Willie Brown”, morando em um asilo, e que diz poder ajudá-lo na busca pela música, desde que Eugene o ajude a fugir do hospital.


E aqui começa o aprendizado de Eugene sobre o blues, no caminho para a sua origem: o delta do Mississippi. Amor, paixão, desilução, frustação, todos os "sentimentos" do Blues serão vividos por Eugene. A inocência e a técnica de Eugene ainda serão colocadas à prova num duelo emocionante de guitarras valendo literalmente, "as almas dos perdedores". Participação de Steve Vai como o “endiabrado” guitarrista Jack Butler.

O filme é uma adaptação livre do mais explorado mistério de Robert Jonhson, o pacto com o diabo.


 
Para quem já viu  vale relembrar e para quem não viu ...o grande final... assista!!!! 
...

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Descomplicando o Vinho

Todos temos um pouco de medo do vinho...

Mas na verdade, o que realmente tememos é a liturgia....
Nos foi ensinado, desde sempre, que beber vinho é sinonimo de classe, é "chic"...

Vamos brincar um pouco... abaixo algumas dicas que, com certeza, irão ajudar e muito nesse ritual...


 O que fazer quando a garrafa é mostrada?


Checar no rótulo se é aquele vinho que foi pedido, não esquecendo de certificar-se da safra também.



2º- O que fazer quando a rolha é colocada na mesa ?

Verificar o estado da rolha, principalmente se ela não está rachada, mas só vale se for em toda a extensão, ou seja, de cima a baixo, pois dessa maneira, teria entrado ar no vinho, oxidando-o.





3º- O que fazer,quando o vinho é servido,só um pouquinho na taça?



Espera-se que verifiquemos se o vinho está bom ou não. Caso ele esteja ruim, será trocado.Mas atenção, só vale para quando não está bom e não por não ser de nosso agrado.



Primeiro erguemos a taça contra a luz para verificar se há algum corpo estranho, sem ser borra (indica guarda), sem ser cristais e CO2 (resultantes de vinificação). Depois, sem agitar a taça, fazendo uso do olfato, procuramos um cheiro ruim, que pode ser mofado, avinagrado ou oxidado ( sem ser o Jerez, pois é uma de suas características).

É importante não dar aquele giro do vinho na taça, pois os aromas poderiam se confundir com os ruins, dificultando a percepção. O vinho com aroma ruim tende a aumentar.

Caso tenha dúvida, espere alguns minutos e veja se ficou mais nítido, mas sempre podemos nos certificar colocando-o na boca e provando-o, se estiver bom, faça o sinal ou fale ...pode servir.



O correto é encher 1/3 da taça para vinhos e 2/3 para espumantes.





4º- Como segurar a taça de vinho ?
Segure a taça sempre pela haste ou base. Nunca pelo corpo, pois estaria alterando a temperatura do vinho.







5º- Como degustar ?

Relaxe. Descubra o seu gosto pessoal nesse universo complexo de aromas, sabores e sensações.


Bons Vinhos !!!!!!!

beber um vinho é celebrar

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Guitarras

Guitarras e baixos FINCH... puro saudosismo juvenil, ..eu tive uma e era muito boa ......essa é igual a que eu tive...





 O assunto desse texto é Finch, que muita gente não conhece mas tem também muitos admiradores.

 A empresa começou em 1975 com a fabricação de guitarras e baixos.

Em 1986 veio o reconhecimento: a empresa conquistou o Prêmio Qualidade do Brasil como melhor instrumento nacional. Sua linha de instrumentos era constituída por guitarras e baixos.

Assim como outras marcas da época, a Finch produzia réplicas de modelos consagrados internacionalmente, visto que naquela época era muito difícil importar instrumentos. Possuía na sua linha modelos Les Paul, SG, SG Double Neck, Telecaster, Stratocaster, Flying V, Explorer, Jackson e Semi-acústica. E baixos Explorer, SG, Precision, Jazz, e Rickenbacker. O modelo mais comum de se achar nos dias de hoje é a Les Paul, cultuada por muitos.

 O único problema apontado por algumas pessoas é que a maioria das Les Paul da Finch possuíam braço parafusado ( a minha era assim), ao contrário das clássicas Gibson (colados)

Foi só um momento saudosista...

"EVERY DAY I HAVE THE BLUES"!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Lambrusco

A uva de hoje é a preferida de meu irmão, então, vamos descobri-la um pouco.

Uva tinta cultivada em toda a Itália, em especial na região da Emilia-Romana. Há mais de sessenta subvariedades conhecidas. Apesar de também produzir bons vinhos de denominação de origem, é mais conhecida no Brasil pelos vinhos frisantes, semi-doces e baixo teor alcoólico e que devem ser bebidos jovens

Um vinho) muito combatido, amado por uns, radicalmente desconsiderado por outros.

Tanto na Itália como fora dela se fala mal do lambrusco.

Sua triste reputação provém do fato de que sua produção é controlada por grandes cooperativas de viticultores que são pagos por tonelada, independentemente da qualidade das cepas.

Região ITÁLIA CENTRAL EMILIA ROMAGNA: Pátria da Lambrusco Dos Montes Apeninos ao Rio Pó, a Emilia Romagna é um grande vinhedo onde os renomados vinhos fazem excelente companhia à “Buona tavola”. Possui um DOCG e 19 DOCs. Suas principais cidades se alinham na Via Romana (“Aemilia” 187 aC.). Antes dos Romanos, os Etruscos aqui dominavam, faziam e comercializavam vinhos fortes e doces. Na Idade Média, o poder político concentrava-se nas famílias: os Malatesta de Rimini. Os Bentivoglio de Bolonha. Os d’Este de Ferrara e Modena. Os Farnese de Parma. Época dos Mecenas que acolheram Dante, Ariosto... Emília, mais ocidental(capital Bologna), teve sempre posições mais para a esquerda. Romagna(capital Ravena), é mais conservadora, sulista, com perfil artístico e cultural.



A Medici Ermete foi a primeira propriedade, em meados da década de 80(minha década predileta), a orgulhar-se de fato da produção do lambrusco.

Naquela época, eles decidiram cultivar suas próprias uvas, utilizando-as em seus principais vinhos, continuando o processo de compra em grande escala para os demais rótulos da propriedade.

A diferença foi gritante. Tamanha repercursão obrigou aos demais produtores a agirem da mesma forma.

Há bons lambruscos, como os da Medici Ermete, dentre eles o Lambrusco Reggiano Concerto, que é um vinho para mudar a opinião das pessoas sobre este difamado vinho.

Deguste bem gelado (entre 6º e 8 º), de preferência em uma roda de amigos, acompanhando pequenas entradas e acepipes.



terça-feira, 20 de julho de 2010

Vinhos de Supermercado



Na última visita que Alvaro nos fez, degustamos alguns vinhos prá variar, e em longa convesa discutimos os vinhos comprados em supermercado.

Meu amigo Alvaro já subiu bons degraus em seu conhecimento, permitindo-se a desfrutar do aprendizado adquirido.

Seu paladar está refinado.Vinhos mais simples não mais lhe atraem. Mas nem sempre foi assim, certo meu amigo. rsrs.

Sugerir vinhos caros é fácil e, em certo sentido, inútil. Quem compra rótulos de primeira linha, afinal, não precisa de muito conselho ou tem quem o faça pessoalmente, até porque em lojas especializadas o atendimento é de muita qualidade, com profissionais bem treinados e preparados, o que facilita a compra.

Difícil é descobrir as boas garrafas, ou as ofertas, entre os rótulos mais acessíveis que inundam as prateleiras dos supermercados, fugir das dicas das atendentes, que normalmente tem a missão de vender determinados rótulos, com discursos bem decoradinhos e só, rs.

Fugindo destas armadilhas, acredite, há muitas oportunidades à disposição.


Mas até mesmo uma seleção de boas garrafas que não pesam no bolso precisa ser fruto de uma experiência pessoal para não se tornar numa simples listagem de “best buys”. Aqui vai a minha lista que, como qualquer lista, está sujeita a críticas e correções. O critério foi o de tintos, brancos e espumantes até 35 reais. Nota-se claramente pela lista minha preferêcia pelos tintos. É claro que não se tratam de vinhos hedonistas, que primam pela profusão de aromas, pela intensidade marcante ou final prolongado. Mas podem, sim, tornar o seu dia-a-dia mais feliz. Você não passa vergonha e ainda dá prá fazer um "pavãozinho" rs.



TINTOS





Salton Classic Tannat

Rio Grande do Sul, Brasil - R$ 15,00

Da linha mais simples da Salton. Correto, bem vinificado. Seu preço é imbatível, seus taninos melhoram se acompanhados de um churrasquinho informal com amigos. experimente o merlot também.



Pupilla Carmenère

Vale Colchagua, Chile – R$ 16,00

A emblemática uva-símbolo do Chile, seja lá o que isso queira dizer, num dos tintos de melhor custo-benefício da paróquia, produto da bodega Luis Felipe Edwards. Taninos bem resolvidos, frutas vermelhas e uma especiaria de leve. Resolve a vida e se encontra fácil em supermercados. Tem a linha reserva, com um toque de madeira.



Rio Sol Cabernet Sauvignon/Syrah 2006

Vale do São Francisco, Pernambuco, Brasil - R$ 25,00

Este tinto nacional foi escolhido pelo júri da última Expovinis (feira de vinho realizada anualmente em São Paulo), em uma degustação às cegas, como o melhor tinto nacional. Concorreu com outros 39 rótulos, a maioria de preço mais elevado. Só pela conquista já vale a degustação.



Cono Sur Bicicleta Pinot Noir
Vale Central, Chile – R$ 26,00

Vinícola com preocupações ambientais e certificada pela agricultura orgânica(cabeçuda). Difícil recomendar um pinot noir do dia-a-dia(minha busca incansável),mas a correta linha bicicleta tem varietais que primam pela qualidade. Agradável, corpo médio (como se espera de um pinot) aromas leve de cereja. Outra dica da mesma linha é o branco da uva riesling.



Emiliana, Cabernet Sauvignon

Valle Rapel, Chile –  R$ 24,00

Esta vinícola também alia vinhedos orgânicos com rótulos de grande produção. Tinto com um nariz mais presente que a boca, que é mais ralinha, mas agradável. Um cabernet sauvignon mais para o lado da juventude, da fruta fresca. Se ajeitou bem com uma massa com molho de carne. Tente o Syrah, bem honesto.



Periquita
Terras do Sado, Portugal – R$ 28,00

O tinto português mais vendido no país. Desde a safra de 2001 modernizou seu corte e ficou mais macio e fácil de beber. Resultado da adição de uma porcentagem maior das castas aragonês e trincadeira à tradicional uva castelão (a periquita), que dá a grande personalidade deste vinho.



Casillero del Diablo - Cabernet Sauvignon

Vale Central - Chile R$ 32,00
A Concha e Toro, uma das gigantes chilenas, ao lançar a linha Casillero, apostou no vinho correto, de corpo médio, amadeirado, levemente frutado, tem larga aceitação e você o encontra desde a quitanda até o supermercado. Um vinho agradável para quem não quer errar. Funciona muito bem com carnes grelhadas.



Gracia - Cabernet Sauvignon - Pasajero

Vale Central - Chile - R$ 18,00
Este vinho foi uma surpresa agradável. Segue os mesmos princípios do Casillero, corpo médio, levemente frutado, com um toque de madeira, porém um pouco mais simples. A linha de entrada da vinicula é completa, tem desde o Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Carmenére e Pinot Noir nos tintos aos brancos Sauvignon Blanc e Chadornay. São vinhos simples, mas muito interessantes com uma ótima relação preço qualidade.


Finca Flichman - Malbec

Mendonza - Argentina - R$ 20,00

Frutado e bem feito malbec argentino, não tão marcante como normalmente é um malbec, porém sua suavidade o faz um vinho para o dia a dia e especialmente para aquele churrasquinho no fim de semana com os amigos, não compromete.



Le Bateaux Syrah
Languedoc, França – R$ 35,00

Rarissímo tinto francês na linha bom e barato. Best buy da revista americana Wine Spectator. Não é à toa, tem aquela perceptível especiaria da syrah com frutas bem maduras e a chancela da Domaines François Lurton, o difícil esta encontrá-lo atualmente.




BRANCOS





Casillero del Diablo Sauvignon Blanc
Vale Central, Chile – R$ 32,00
Tem larga distribuição em supermercados e lojas. Boa acidez e frescor. Um toque cítrico que agrada; um aroma de maracujá facilmente perceptível, muito encontrado em sauvignon blanc. Uma recomendação sem medo de errar. Faz um sucesso danado com um peixinho.



Pizzato Chardonnay

Rio Grande do Sul, Brasil – R$ 27,00

Este não é um chardonnay para quem gosta daquele estilo mais intenso com as notas de barrica, meio amanteigado. Este exemplar nacional aposta na linha contrária, não passa pelo carvalho e tem uma acidez mais presente. Uma opção de chardonnay mais para o frescor. Vamos valorizar o que é nosso!!!!! rsrs




Alamos Chardonnay
Mendoza, Argentina – R$ 32,00

Branco premiado mais básico da linha Catena. Passa seis meses no barril de carvalho o que nos remete à aquela sensação cremosa de um chardonnay mais encorpadão, mais recomendado para peixes mais fortes e aves. Bastante elogiado pelos bacanas do vinho de todas as estirpes: a lista começa em Robert Parker(o "Cara"), passa pela rival britânica Jancis Robinson e ainda pela revista americana Wine Spectator. Quer mais?????



ESPUMANTES





Salton - brut/demi-sec

Rio Grande do Sul - R$ 20,00

A melhor opção custo-benefício do mercado. Jovem, intenso, sua perlage é  dinâmica, com um desprendimento de pequenas borbulhas de gás em forma de rosário, abundante formação de espuma (coroa). Na boca apresenta um sabor fresco e agradável, seu aroma é fino e limpo e lembra pão tostado. Delicioso em um final de tarde de primavera, com frutas (morangos, uvas, pessegos). Funciona bem com queijos semiduros, no lugar da cervejinha à beira da piscina., a toda hora..rs.rs


A lista acima é apenas uma referência de vinhos que podem ser facilmente encontrados e não vão levá-lo à falência.

Mas lembre-se, quem determina se o vinho lhe é agradável , não são as recomendações dos "bacanas" dos vinhos, mas seu paladar, é ele que vai decidir se o vinho é de seu agrado ou não. Siga as dicas dos experts, busque conhecimento, troque experiências , experimente e

Bons vinhos !

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Top 10 - Guitarristas

Na minha opinião, os 10 maiores do Blues.(dez é muito pouco, mas...)
A ordem..... sei lá.... veio na cabeça. (gosto pessoal).


1- Eric Clapton (pelo que vem tocando nos ultimos anos)


2 - Buddy Guy (vale sim... sempre tocou muiiitttoo).


3 - Steve Ray Vaughan (sou fâ)


4 - BB King (sem comentários, é um dos "caras" do Blues)

5 - Jimmy Hendrix (inovador, criativo, revolucionário)

6 - Jeff Beck (fama e toca bem)

7 - Muddy Waters (das antigas, tem tradição)

8 - Albert Collins (tá em toda lista, essa é mais uma)

9 - Robert Johnson (pelo que representa na história do Blues)

10 - Albert King (histórico, também pela tradição)

Outro dia escrevo do pessoal mais novo.

Bons sons !

Boa música !

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Rolha

Ela, a Rolha....


Pode ser feita de cortiça, alumínio, plástico ou vidro, são estas as matérias-primas utilizadas na fabricação de vedantes(gostei) para garrafas de vinho (as famosas rolhas). Mas nem sempre foi assim. Até há bem pouco tempo a rolha de cortiça era o único vedante (rolha) utilizado. O exponencial aumento dos engarrafados a partir da segunda metade do século passado e, fundamentalmente, o aumento de problemas com o “gosto a rolha” atribuído à rolha de cortiça, desencadeou uma revolução no mercado de vedantes (gostei do termo vedante, muito utilizado pelos nossos irmãos luzitanos)) para vinho. Apesar de tudo o que foi feito ou refeito, a rolha perfeita continua a não existir, e com a utilização de novas tecnologias, o que não falta são soluções "milagrosas".




A nobre cortiça




A cortiça é a casca do sobreiro (Quercus Suber L), uma árvore nobre com características muito especiais e que cresce nas regiões mediterrânicas como Espanha, Itália, França, Marrocos, Argélia e, sobretudo, Portugal, onde existem mais de 720 mil hectares de montado de sobro, bem como uma indústria corticeira de grande importância económica.
É uma árvore espantosa, de grande longevidade e com uma enorme capacidade de regeneração. Consegue viver em média 150 a 200 anos, apesar dos muitos descortiçamentos que lhe fazem ao longo da sua existência: cerca de 16 intercalados por períodos de nove anos.
A cortiça consiste num tecido vegetal com centenas de milhões de células suberizadas (formar a cortiça no sobreiro - árvore que produz a cortiça), inertes e impermeáveis. Estas células, cheias com gás, formam uma estrutura compressível e elástica. A cortiça pode ser comprimida para metade do seu volume sem perder flexibilidade e possui a particularidade única de poder ser comprimida numa dimensão sem alterar a outra. Estas características fazem da cortiça um vedante natural impermeável com extraordinária eficácia. Ao longo de séculos tem ajudado a escrever a história do vinho que hoje conhecemos. É, por assim dizer, o maior aliado do homem na conservação e melhoramento dos vinhos acondicionados em garrafa. Para muitos a rolha de cortiça é parte integrante da imagem da garrafa de vinho. Até quando?. hummmm prá mim... para sempre.....história e tradição merecem respeito.




Início das Hostilidades (Portugal, a Revolução dos Cravos)




A revolução de Abril de 1974 trouxe os primeiros problemas à rolha de cortiça. Os montados (local onde se plantam as arvores - sobreiro - que produzem a cortiça - materia prima da rolha) mudaram de mãos e a cortiça era por vezes tirada apenas com 6 anos de idade.
Na década de 80, a qualidade das rolhas diminuiu significativamente e no final da década surgiam os primeiros processos movidos por produtores de vinho australiano contra os seus fornecedores de rolhas.
Por mais que a lei ajudasse ao produtor o negócio da rolha de cortiça natural começou a estremecer.
Em 1989, a indústria portuguesa de fabricação de rolhas era fortemente censurada por muitos produtores de vinho. Meio mundo reclamava da fraca qualidade das rolhas de cortiça. Nesse mesmo ano, enquanto poderosas cadeias inglesas de distribuição começam a testar rolhas sintéticas e cápsulas de rosca.



O “Calcanhar de Aquiles” da Cortiça




O 2-4-6 Tricloroanisol (TCA) foi considerado o principal culpado. É um composto químico responsável pelo gosto de mofo, o bolor em cerca de 80% dos vinhos contaminados. Este poderosíssimo contaminante pode estar presente em papel, cartão, plástico, vidro, recipientes metálicos, madeira, barricas e também...na cortiça. Uma simples gota em uma piscina olímpica é suficiente para contaminar a água.
É um químico complexo com várias origens: fungos presentes nas imperfeições da estrutura celular da cortiça, os polifenóis próprios da cortiça e produtos utilizados na preparação da cortiça interagem parcial e integralmente levando à formação deste composto.Contudo, o “gosto de rolha” não é apenas atributo do TCA. Existem outros cloroanisóis como o tetracloroanisol (2-3-4-6 TeCA detectável a 10 ng/l) ou o mais preocupante tribromoanisol (2-4-6 TBA detéctavel a 4 ng/l) formado a partir do tribromofenol, usado como pesticida nas estruturas de madeira das adegas, que pode contaminar barricas, rolhas, plásticos, cartão ou madeira das caixas de vinho.
Tudo isto foi jogado no mesmo saco e as culpas caíram todas, e ao mesmo tempo, na nobre e valorasa rolha de cortiça. Contaminação inaceitável... a cortiça destrói os nossos vinhos,... é em suma o que transcreviam os inúmeros artigos escritos sobre o tema em finais dos anos oitenta, no preciso momento em que os vinhos iniciam uma ascensão de preços nunca antes testemunhada.




Rolhas alternativas




Rolhas sintéticas, cápsula de rosca (screwcap), rolha de vidro e a Zork.
Começando pelas primeiras, a tecnologia moderna ainda não conseguiu criar um substituto sintético para a rolha de cortiça natural. Existem inúmeras rolhas deste tipo no mercado mas múltiplos estudos aconselham apenas o seu uso em vinho de consumo rápido (um, dois anos máximo).
Esta rolha não veda totalmente a garrafa e permite importantes trocas de oxigénio com o vinho engarrafado , levando à sua oxidação precoce. Entre as várias marcas sobressaem a Nomacork, Neocork e Nukorc. São baratas, visualmente atraentes e podem ser usadas nas linhas de engarrafamento convencionais.
A cápsula de rosca tem sido o vedante mais popular na guerra contra a rolha de cortiça natural. São uniformes, muito fáceis de abrir e vários estudos comprovam que é o vedante que mantém os níveis mais elevados de antioxidante.
Tem a vantagem de evitar oxidações e a desvantagem de promover reduções com inerentes aromas desagradáveis.
No entanto, a imagem que têm junto do consumidor (europeu principalmente e especialmente os enochatos) desprestigia o vinho que usa a cápsula de rosca, é um vinho barato de todos os dias, é um vinho com pouco estatuto, enquanto a rolha mantém as preferências de estética, ambientalista, para não esquecer o ritual do abrir da garrafa com o saca-rolhas.
O vedante(adorei este termo) de vidro Vino-lok, usado por muitos produtores de vinho alemão e austríaco, é outra alternativa a ter em conta. É inerte, neutra, muito eficaz como vedante, é reciclável e esteticamente perfeita, apenas uma desvantagem – o preço que por enquanto se mantém elevado.


A rolha australiana Zork é outra alternativa interessante para vinhos de consumo rápido, atraente, fácil de utilizar e pode também ter futuro.
Por último, a Pro-cork que usa cortiça natural isolada por uma membrana de 5 camadas em cada extremidade que não permite contacto do vinho com a rolha e assegurando a impermeabilidade. Esta é uma alternativa que junta cortiça com sintéticos de um modo eficiente.










A Guerra das rolhas




A “Guerra das Rolhas” está apenas começando. Neste debate global, os números e dados científicos apresentados por cada indústria favorecem a própria em detrimento da concorrência. Ninguém se entende e muitas das vezes é mais o preço a orientar a escolha do produtor que qualquer outra coisa. Nos estudos e pareceres veiculados por ilustres técnicos e universidades as conclusões são muitas das vezes contraditórias.Perante a crescente concorrência, a indústria corticeira tem respondido a um bom nível. Centenas de milhões de euros têm sido investidos na erradicação do TCA, na criação de novos tipos de rolha assim como na certificação maciça dos procedimentos tecnológicos das inúmeras empresas. Os resultados têm vindo a revelar-se positivos. Esta conclusão surge não só de múltiplos estudos feitos em vários pontos do Mundo como também da experiência prática da Revista de Vinhos recolhida ao longo dos painéis de prova dos últimos anos.
A rolha de cortiça, que há 3 séculos criou o vinho que conhecemos hoje, é um vedante(oha ela ai de novo) para o qual hoje há concorrência efetiva, mas pensamos que dificilmente deixará de cumprir a missão para qual a natureza a criou.
Quanto às alternativas: as rolhas sintéticas são as que menos têm provado, enquanto que a cápsula de rosca continua a conquistar adeptos em particular em países pragmáticos e poucos arreigados à tradição (Austrália e Nova Zelândia) e quase sempre escolhida para vinhos brancos, rosés e tintos jovens.
A sua resposta a vinhos com potencial de envelhecimento mantém-se uma incógnita.
Quantos às restantes que existem e outras mais que poderão aparecer veremos que história terão para contar no futuro.
Mas, como sempre tenho dito, uma taça de vinho é para celebrar, sozinho ou acompanhado das pessoas afetivamente próximas, a garrafa (um dia falarei delas) a rolha, as taças são acessórios, merecem seu respeito, mas lembre-se, o melhor vinho não é o mais caro, o que tem a mais bela garrafa, o que é bebido em uma taça de cristal, o que é vedado na mais pura rolha de cortiça, mas sim aquele que nos dá prazer.
Bons vinhos !!!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Qual a temperatura ideal do vinho ????


Muito se fala acerca da temperatura ideal para degustar o vinho.



Há quem reclame de sua acidez...



Há quem diga que o vinho é insonso...


Para melhor apreciar os vinhos, eles devem ser bebidos na temperatura ideal, que varia de acordo com o tipo de vinho.



De modo geral, os vinhos são degustados na seguinte ordem crescente de temperatura:




Espumantes, Brancos, Rosés e Tintos.




Isso se deve a características dos vinhos e a forma como percebemos os sabores. Em temperaturas inferiores a 5°C temos dificuldades para identificar o sabor dos alimentos (no nosso caso, VINHO), por isso essa é a temperatura limite para se apreciar os vinhos espumantes. Em temperaturas elevadas, o gás carbônico dissolvido neste tipo de vinho se perderia muito rapidamente.



OS VINHOS BRANCOS




São melhor apreciados entre 7°C e 9°C.



Em temperaturas mais elevadas, a acidez dos vinhos brancos se torna muito agressiva, além de o vinho perder mais rapidamente seus aromas mais delicados.



VINHOS ROSÉS





Melhor servidos entre 10°C e 12°C.




Geralmente, muito leves e de aromas delicados, os vinhos rosés tornam-se agressivos em temperaturas mais elevadas, devido a acidez e amargos em temperaturas mais baixas, visto que possuem uma quantidade maior de polifenóis em sua composição, em relação aos vinhos brancos.





OS VINHOS TINTOS




Apresentam um equilíbrio de paladar mais complexo, relacionando o sabor doce com os sabores ácido e amargo. Normalmente carregam consigo alguma adstringência, característica essa que é muito pronunciada em temperaturas mais baixas. Por outro lado, a velha história de temperatura ambiente também não se aplica a esses vinhos, pois o sabor pode se tornar muito desagradável a temperaturas altas.




O ideal é servi-los entre 16°C e 18°C. (os Pinots - minha preferência - 14º a 16º )





ALGUMAS CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS VINHOS COM A TEMPERATURA.


O sentido do olfato é suscetível só aos vapores e os vinhos mais encorpados tem um peso (seu aroma é mais intenso) maior que os leves. É uma das razoes pelas quais se degustam os tintos a uma temperatura mais alta que os brancos.


CASTA




Algumas castas produzem vinhos mais voláteis(aromas mais intensos) que outras. Pinot Noir, por exemplo, é mais volátil que a Cabernet Sauvignon, motivo pelo qual os Borgonhas (Pinot Noir) sao geralmente servidos mais frescos que os Bordeaux (Cabernet Sauvignon).


TANICIDADE




O Tanino é um elemento contido só nos tintos e que dá a impressao de travar a boca. Quanto mais baixa a temperatura, mais evidente ele fica, tornando-se desagradável se o vinho estiver gelado.


AROMA




Quanto mais elevada a temperatura, maior a evaporaçao e, conseqüentemente, o perfume é acentuado. Esta acentuação deve ser dosada, pois em muitos brancos o perfume já é, por si só, intenso.Temperaturas elevadas conduzem a uma perda da elegância e do frescor, tornando o vinho fugaz. No sentido oposto,temperaturas excessivamente baixas simplesmente escondem qualquer perfume que o vinho possa ter.


DOÇURA




É acentuada pelo calor e amenizada com o frio. Segue uma sugestão de tabela de temperaturas:



TEMPERATURAS


DE 6ºC a 8ºC




Espumantes e vinhos brancos doces. Sauternes, Moscato, Tokaj, Retsina, Trockenbeerrenauselese. E também quaisquer vinhos ruins que se queira disfarçar, pois temperaturas muito baixas mascaram defeitos ou mesmo a má qualidade dos vinhos.


DE 8ºC a 10ºC




Brancos suaves, alguns brancos secos e espumantes rosé.Gewurztraminer, Aligote, Tafelwein, Vinho Verde branco, Muscadet, Vouvray, Sancerre, Pouilly, Frascati, Orvieto, Lambrusco, Chanin Blanc, Riesling.


DE 10ºC a 12ºC




Brancos mais secos e vinhos rosados. Chablis, Macon, bordeauxs brancos, Sherry fino, alemaes secos de qualidade, Soave, Verdicchio, Chardonnays e Sauvignon Blancs em geral.


DE 12ºC a 14ºC




Grandes brancos e tintos ligeiros.Porto branco, Amontillados, grandes Borgonhas brancos, Beaujolais, Chinon, Valpolicella, Bardolino.


De 14°C a 16ºC




Tintos de pouco ou médio corpo.Cotes du Rhone genéricos, Chianti comum, Barbera, Zinfandel.


DE 16°C a 18ºC




Tintos envelhecidos, tintos mais macios como os feitos de Pinot Noir.Porto Roby ou Tawny, bordeaux genéricos. Chianti Riserva e os melhores do Rhone.


18ºC




Grande tintos como alguns de Bordeaux e tintos ricos em tanino como os australianos, portugueses e espanhóis em geral, Barolo, Barbaresco, Supertoscanos, Brunello, Porto Vintage e Madeira.


Com todas essas considerações, é raro não haver a necessidade de resfriar um vinho (hummm vinho quente não dá!!!!!, nem em festa junina).




O fato de não ter uma adega climatizada em casa ou não dispor de um termômetro de vinhos não impede que se controle de alguma forma a temperatura do produto.




Por isso é útil saber que: na parte interna da porta de uma geladeira a temperatura mínima (1 no termostato) fica em torno de 12º C.




Já no fundo, junto à placa fria, é de +/- 3º C.



No meio, cerca de 6° C.



Para os tintos que pedem temperaturas mais alta do que 12º C, os deixe gelar na porta da geladeira por um período de no máximo duas horas (1:30h é suficiente).




Vale usar um balde com gelo e água gelada.




Neste caso, deixe os tintos mais potentes por 15 minutos e depois os retire.




Os brancos doces podem permanecer no balde durante todo o tempo.


Mesmo que você esteja com pressa jamais use o congelador.
(quem nunca o fez que atire a primeira taça..rs.rs)



Ele pode deixar o seu vinho chato (sem vivacidade), acabando com a acidez. (às vezes, dependendo do vinho, nada como um bom freezer para resolver..rs.rs)




A acidez de um vinho pode ser notada pela salivação extra que ela provoca. Na maioria dos brancos e no champanhe, a acidez é a principal atração.Por isso, não mantenha vinhos por muitos dias na geladeira.


Se você estiver num local gelado, ou se a garrafa estava estocada num local mais frio que o ideal para seu serviço, você precisará aquecê-la antes de servir.




O melhor a fazer neste caso é o que os franceses chamam de ‘chambré’, ou seja, deixar que o vinho vá se aquecendo na temperatura ambiente da sala onde será bebido, até atingir a temperatura ideal.




Foi desta prática que se originou o errôneo mito de que o vinho tinto se bebe à temperatura ambiente. Se o ambiente estiver realmente muito frio, aproxime a garrafa de uma lareira ou outra fonte de calor. No mais, ignore a pressa.


Lembre-se, beber um vinho é celebrar, não marque no relógio quantas taças por hora vc é capaz de beber..., mas sim quantos amigos é capaz de reunir neste momento sagrado. O ritual serve para preparar o clima e aguçar o paladar.


Mas, na verdade, apesar de todas as técnicas e ditames, use seu bom senso, descubra, deixe seu paladar decidir por voce e não as regras... aprenda a não ser escravo de termometros e adegas climatizadas, estes equipamentos não existiam quando o primeiro Romanee Conti nasceu !!!!


Bons Vinhos !